Contradições do Preterismo V

Como sua visão do Cristianismo mudaria se você passasse a acreditar que a segunda vinda de Cristo e muitos outros eventos (futuros) aconteceram no primeiro século dC?

A segunda vinda de Cristo é uma das doutrinas fundamentais das Escrituras – dois anjos disseram enfaticamente que Ele vai voltar (Atos 1:10,11). Porém, uma das interpretações mais bizarras da escatologia é aquela que diz que Ele já voltou, a visão preterista. Eles ensinam que Jesus voltou em 70 dC, quando o exército romano destruiu Jerusalém.

O Preterismo distorce a promessa da segunda vinda. Colocar o retorno de Cristo no passado rouba da Igreja uma expectativa confiante sobre o futuro. Ficamos na terra tentando “tirar o melhor proveito disso”, sem qualquer esperança real de intervenção divina. Isso deixa a Igreja tentando “trazer o Reino” sem o rei.

Por causa da atual disseminação do Preterismo, pastores e professores precisam estar preparados para defender a escatologia ortodoxa desse ataque. Aqueles que acreditam que Cristo já voltou em 70 dC dificilmente podem obedecer ao mandamento de nosso Senhor de “vigiar” até que Ele venha (Mateus 24:42).

O apóstolo Pedro resumiu o veredicto divino a respeito do Preterismo quando escreveu: “Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas concupiscências e dizendo: ‘Onde está a promessa da sua vinda?” (2 Pedro 3: 3-4).

O Preterismo nega os mandamentos bíblicos de “vigiar” e “estar pronto” para a vinda de Cristo. Limita esses alertas aos crentes do primeiro século, aqueles que viveram antes da destruição de Jerusalém. Na verdade, limita cada mandamento bíblico relacionado ao retorno de Cristo. A frase “até que ele venha” teria que ser limitada a 70 dC. Na verdade, como celebramos o serviço de comunhão na ceia para “anunciar a morte do Senhor até que ele venha” (I Coríntios 11:26)? Devemos parar de celebrar a Ceia do Senhor porque Ele já veio em 70 dC?

Para os preteristas Jesus repetidamente afirmou que ele retornaria dentro de sua geração. Portanto, não haveria tempo nem necessidade de uma Igreja. Também não haveria necessidade de sucessão apostólica. Logo, Mateus 16:18-19 não pode fazer sentido para ninguém, muito menos para os preteristas católicos.

Entenda as contradições do Preterismo:

1) Timóteo e a Vinda de Jesus em 70 dC

Paulo alerta Timóteo: “guardes este mandamento sem mácula e irrepreensível até o aparecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Timóteo:6:14).

De acordo com o Preterismo, Timóteo deveria guardar o mandamento até a volta do Senhor em 70 dC!

Dizer para Timóteo guardar o mandamento “até a manifestação/aparecimento” de nosso Senhor Jesus Cristo é similar a dizer para guardar o mandamento enquanto viver, para, no grande dia, receber o galardão. É similar ao que disse Tiago aos seus ouvintes: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia” (Tiago 5:7). É a mesma promessa de nosso Salvador ao anjo da igreja de Esmirna: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10). Isso faz um contraste com aqueles que esperam seu Senhor de forma displicente. Jesus aqui não fala da vinda sobre Jerusalém, mas da vinda para ceifar a vida do desobediente: “virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe” (Mateus 24:50).

O que Paulo disse a Timóteo pode ser entendido nas palavras de João em sua pequena epístola: “E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda” (1 João 2:28). E aqui o problema se agrava de forma indissolúvel para o Preterismo: João escreveu essa pequena epístola depois de 70 dC!

E ele acrescenta: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro” (1 João:3:2-3).

João diz aqui que Jesus, na sua vinda, vai se manifestar, isto é, vai ser visto: “Como ele é, o veremos“. Porém, a vinda em 70 dC, que de acordo com os preteristas radicais foi a segunda vinda, também de acordo com eles, Jesus se manifestou de forma invisível.

Por todo o fluxo de tempo, desde a morte de qualquer pessoa até a o dia do julgamento, não haverá nenhuma alteração na vida de todo aquele que é fiel até a morte, ou “ser fiel até o aparecimento de Cristo”. Assim, nesta passagem de Paulo a Timóteo, ele enfatiza a bendita esperança de cada crente: o futuro retorno de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo relaciona o comportamento de Timóteo no presente com sua crença na verdade sobre o futuro, um padrão que vemos repetidamente nas Escrituras, como na epístola de Pedro: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1:13). Isso não ocorreu em 70 dC.

A nossa esperança futura, a certeza absoluta de que um dia seremos como Cristo, serve para motivar alguém a ser fiel até a morte. Em outras palavras, a certeza da semelhança de Cristo na era futura é um forte motivo para a semelhança de Cristo na vida presente. A esperança futura motiva a obediência constante. Assim, o que Paulo disse a Timóteo pode ser parafraseado da seguinte forma: “Olhando com uma atitude de expectativa e aceitação a bendita esperança e o aparecimento da glória de nosso Salvador Cristo Jesus quando a recompensa lhe será dada”.

Paulo fala no mesmo sentido usando sua própria esperança: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (epiphaneia)” (2 Tm 4: 7, 8). A expressão, ‘naquele dia’, é uma referência para a Segunda Vinda de Cristo, o que não ocorreu em 70 DC.

Matthew Henry explica o que Paulo está dizendo a Timóteo:

“Guarda este mandamento até o aparecimento de nosso Senhor Jesus Cristo; guarda-o enquanto viveres, até que Cristo venha na morte para te dar dispensa … Mantenha-se atento à Sua segunda vinda, quando todos devemos prestar contas dos talentos que nos foram confiados” (Lc 16: 2). (Matthew Henry – Bible Commentary 1 Timothy 6 – Christianity site)

Muitos textos que falam do dia de Cristo, ou da Sua vinda, devem ser interpretados usando este mesmo princípio. Paulo reafirma aos filipenses que “aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fil. 1:6). Isso significa que eles devem ser puros até a morte. Paulo traduz como “puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo” (Fil. 1:10) quando por fim receberão o galardão. Essas duas passagens podem ser resumidas pelo que Paulo escreveu aos Colossenses: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também vos manifestareis com ele em glória” (Col 3: 4).

Os ministros devem estar atentos a esta aparição do Senhor Jesus Cristo em todas as suas ministrações e, até a Sua aparição, devem guardar este mandamento sem mácula e irrepreensíveis.

2) Iminência Profética

Uma grande falácia da mentalidade preterista é o fracasso em reconhecer a elasticidade do jargão cronológico dentro do contexto da profecia bíblica. É um traço bastante comum na linguagem profética, que um evento, embora literalmente profetizado para acontecer num futuro remoto, possa ser descrito como próximo. O objetivo deste tipo de linguagem é enfatizar a certeza do cumprimento da profecia.

Obadias, por exemplo, predisse o último dia da história da Terra. A respeito desse evento, ele disse: “Porque o dia do Senhor está perto para todas as nações” (Ob 15). Isso não pode se referir a algum julgamento local, porque “todas as nações” devem estar envolvidas. E, no entanto, o evento é descrito como próximo.

Existem numerosas profecias dessa natureza, incluindo passagens como Tiago 5: 8 – “a vinda do Senhor está próxima”. Tiago não poderia estar prevendo o retorno literalmente iminente do Salvador, pois tal conhecimento não foi disponibilizado aos escritores do Senhor. Nem mesmo o próprio Jesus sabia da hora de seu retorno à terra (Mt. 24:36).

3) “Estarei convosco todos os dias … até o fim de Jerusalém

Os Preteristas entendem que fim dos tempos, ou consumação dos séculos, é uma referência para o fim de Jerusalém – eles acreditam que em 70 dC ocorreu a segunda vinda de Jesus.

Esta interpretação do ‘fim dos tempos’ foi criada pelo mau uso de Mateus 28:20, onde lemos: “Ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos ordenei; e eis que estou sempre convosco, até o fim (consumação) dos tempos ”. Certamente não devemos acreditar que Jesus Cristo disse em Mateus 28:20 que Ele somente estaria com Seus discípulos até 70 dC, e que depois eles ficariam por conta própria.

O termo ‘fim dos tempos’ refere-se ao segundo advento de Cristo; e Cristo está prometendo Sua presença com Seu povo na terra até este advento – e além.

4) Separando bodes e ovelhas em 70 dC

Em Mateus 25, Jesus diz aos seus discípulos: “Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus:25:31-34).

Devemos questionar os preteristas para que possam responder em que momento, imediatamente após sua vinda em 70 dC, Jesus reuniu as nações diante dele e fez separação entre bodes e ovelhas.

5) Terra de Jerusalém ou planeta Terra?

Os preteristas alegam que o termo terra ( em grego), em várias passagens proféticas, são referências para a terra de Jerusalém. Veja alguns exemplos clássicos e como ficam as passagens na interpretação preterista:

Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra (de Jerusalém)” (Ap 3:10).

E haverá sinais no sol, e na lua e nas estrelas, e na terra (de Jerusalém) haverá angústia das nações em perplexidade, com o rugido do mar e o rugido das ondas” (Lucas 21:25).

Logo depois da tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu, e os poderes dos céus serão abalados Em seguida, o sinal do Filho do Homem aparecerá. no céu, e então todas as tribos da terra (de Jerusalém) se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória“. (Mateus 24:29,30).

Este é o absurdo preterista que, crendo na volta de Jesus em 70 dC, foi obrigado a interpretar Mateus 16:27 dessa forma: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um (habitante de Jerusalém) conforme as suas obras”.

Observem como a formação textual dessas referências fogem do domínio preterista: ‘a terra do Egito’, ‘a terra dos filisteus’, ‘a terra de Israel’, ‘a terra de Benjamim’ ( Gênesis 47:13 ; Zacarias 1:21 ; 2 Reis 5: 2, 4 ; Juízes 21:21 ), “a terra de Judá” (Mt 2: 6), “a terra da Judéia” (Jo 3:22), “a terra de Israel” (Mt 2:20 , 21), “a terra de Zebulom” (Mt 4:15), “a terra de Naftali” (Mt 4:15) e “a terra dos judeus” (At 10:39). Por que é exigido pelos preteristas o nome da cidade de Jerusalém após a palavra terra nos textos que lhes são convenientes? Veja este exemplo do Antigo Testamento; a King James Version (KJV) traduz Zacarias 5: 3 da seguinte forma: “Então ele me disse: Esta é a maldição que se espalha sobre a face de toda a terra…”. A maldição de que este versículo fala é mundial, ou está confinada à terra de Israel?

Na passagem citada anteriormente, um texto chave para o milenismo, está registrado: “E haverá sinais no sol, e na lua e nas estrelas, e na terra haverá angústia das nações em perplexidade, com o rugido do mar e o rugido das ondas” (Lucas 21:25). Não faz sentido algum falar nesses termos: “Na terra [de Jerusalém] haverá angústia das nações”.

A outra passagem citada (“Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra [de Jerusalém]” Ap 3:10), também se torna um problema seríssimo para o Preterismo. Porque Jesus diria para uma Igreja distante 150 milhas de Jerusalém que a guardaria da hora da guerra entre os judeus rebeldes e o exército romano?

Para que você entenda o objetivo do Preterismo com a tradução de , basta observar estes textos onde eu acrescento a palavra Jerusalém. Não te culpo se cair nas gargalhadas.

Mateus 5:18 “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra [de Jerusalém] passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.

Mateus 6:9-10 “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra [de Jerusalém] como no céu”.

Mateus 6:19-20 “Não ajunteis para vós tesouros na terra [de Jerusalém], onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões minam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem, e onde os ladrões não arrombam e furtam”.

Mateus 9:4-6 “Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações? Pois, qual é mais fácil? dizer: Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra [de Jerusalém] autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa”.

Mateus 11:25 “Naquele tempo, Jesus respondeu, e disse, “Eu Te agradeço, ó Pai, Senhor do céu e da terra [de Jerusalém], que ocultaste estas coisas aos. sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”.

Este ponto foi desenvolvido até aqui porque o significado de Mateus 24:29-30 é crucial para a posição preterista. Já vimos como eles leem a passagem: “Logo depois da tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu, e os poderes dos céus serão abalados Em seguida, o sinal do Filho do Homem aparecerá. no céu, e então todas as tribos da terra (de Jerusalém) se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória“.

Obviamente a palavra não foi usada para apontar apenas os habitantes “de Jerusalém” ou “da Judéia” contemplando o “Filho do homem na sua vinda”. Mateus sabia o que estava fazendo quando usou no sentido restrito (2:6; 2:20-21; 4:15; 10:15; 11:24; 14:34). O Espírito Santo não seria tão descuidado ao “inspirar” tal ambiguidade em uma passagem tão importante para uma doutrina central bíblica. Tudo o que o Espírito Santo tinha a fazer era dirigir Mateus para escrever “ de Jerusalém” ou “ de Judéia” e os preteristas não teriam essa discussão.

6) A Vinda de Jesus – proteção para Jerusalém

Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém” (Apocalipse 1:7).

João está citando Zacarias 12:10 nesta passagem de Apocalipse 1: 7. No entanto, enquanto os preteristas afirmam que aqui é um registro profético da vinda de Jesus sobre a Jerusalém de 70 dC, Zacarias 12: 9 afirma que Jerusalém será defendida por Deus (“Naquele dia me empenharei em destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém”). Além disso, Lucas 13:35 atesta que o povo judeu dirá naquele dia: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”, o que não ocorreu em 70 dC – não se desesperem com isso, preteristas.

No livro de Apocalipse, a vinda de Jesus está associada ao resgate de seu povo por Cristo. Jesus diz: “Visto que guardaste a palavra da Minha perseverança, também Eu te guardarei da hora da provação que está para vir sobre o mundo inteiro, para provar os que habitam na terra”. “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:10-11). Aqui Jesus afirma que sua “vinda” trará proteção para seu povo. Mas como a “vinda” de Jesus em 70 dC trouxe proteção para os crentes?

7) Dando presentes uns aos outros

Apocalipse 11 nos traz um relato curioso. Fala das duas testemunhas que são mortas – segundo os preteristas – em Jerusalém: “E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde seu senhor também foi crucificado” (Apocalipse 11:8).

Não permitirão que eles sejam sepultados: “E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que os seus corpos mortos sejam postos em sepulcros” (v 9). O Preterismo precisa explicar onde estavam esses homens de vários povos, tribos, línguas e NAÇÕES vendo a cena – e como tiveram acesso à praça (rua principal) de Jerusalém para impedir que os corpos das duas testemunhas não fossem sepultadas.

E os judeus de Jerusalém se regozijaram sobre eles (as duas testemunhas). Vamos ver o versículo ao modelo preterista: “E os que habitam na terra [de Jerusalém] se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra [de Jerusalém] (v 10).

Como podem os judeus do versículo 10 estarem se regozijando e dando presentes uns aos outros enquanto estavam cercados pelo exército romano e uma multidão de homens oriunda de vários povos, tribos, línguas e nações?

Para suportar a interpretação preterista é preciso ter muita paciência!

8) A Grande Tribulação ainda não ocorreu

A “Grande Tribulação” ainda está para ser cumprida. Veja o que diz Mateus 24: 21-22: “Pois então haverá grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até este tempo, não, nem nunca será. E a menos que aqueles dias fossem encurtados, nenhuma carne deveria ser salvo: mas por causa dos eleitos aqueles dias serão abreviados”.

Ao contrário do ensino preterista, o cerco romano e a destruição de Jerusalém em 70 dC não cumpriram a descrição de Jesus de uma “grande tribulação” que nunca foi igualada antes ou depois. Não era incomparável em história, e era geralmente uma repetição da destruição anterior de Jerusalém em 586 aC pelos babilônios, que foi igualmente horrível e bárbara (2 Cr 36: 17-20, Lam 4:10, 2:20).

Os preteristas reconhecem que não podem sustentar sua premissa de que a grande tribulação terminou com a destruição do templo em 70 dC, embora interpretando as palavras de Jesus literalmente, quando descrevem uma tribulação “como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá“. Eles dizem que nunca houve uma tribulação semelhante a de 70 dC, e jamais haverá. Reconhecidamente, é desafiador imaginar uma época que ultrapasse a devastação pós-Segunda Guerra Mundial e pós-Holocausto.

Jeremias profetiza sobre essa tribulação, mas seu texto prova que a tribulação acontecerá no fim dos tempos:

Perguntai, pois, e vede, se um homem pode dar à luz. Por que, pois, vejo a cada homem com as mãos sobre os lombos como a que está de parto? Por que empalideceram todos os rostos?

Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; todavia, há de ser livre dela.

E será naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, que eu quebrarei o jugo de sobre o seu pescoço, e romperei as suas brochas.

Nunca mais se servirão dele os estrangeiros; mas ele servirá ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhe levantarei.

Não temas pois tu, servo meu, Jacó, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei de terras longínquas, e à tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize.

Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te salvar; porquanto darei fim cabal a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida justa, e de maneira alguma te terei por inocente” (Jeremias 30:6-11).

O contexto imediato desta passagem revela que o profeta não estava falando de eventos nos dias de Jeremias, mas sobre a futura tribulação inigualável. Isso é evidente a partir da descrição das dores de parto messiânicas (v. 6), a restauração final de Judá e Israel à terra em “tranquilidade e sossego … e ninguém o amedrontará” (vv. 3, 10), a nação servindo ao Messias davídico ressuscitado (v 9), o que não ocorreu com a geração de 70 dC, e a completa destruição de todas as nações iníquas no dia do Senhor (vv 7, 9)

A “grande tribulação” em vista culmina na libertação de Israel (Jer 30:7; Zc 12: 7-10; Rom 11: 25-27), não a sua destruição e dispersão conforme executada por Roma em 70 dC. Estas profecias da libertação de Israel indicam que uma tribulação mundial nunca foi cumprida e ainda deve ser realizada.

Já passamos por uma tribulação na qual, a menos que Deus a detivesse, toda a vida teria sido erradicada? Eu penso que não. Eu sei que tem havido alguns maus momentos no passado, a peste negra na idade média, que foi muito ruim. Poderíamos falar sobre o Holocausto dos anos 1940 na Segunda Guerra Mundial; os campos de morte no Camboja na década de 1970; e outros lugares onde aconteceram grandes atrocidades, associando a isso os 15 mil terremotos que tivemos até nossa época e mais as 500 guerras, movimentos no mar, enchentes, catástrofes em muitos países, culminando com o Covid 19 que ceifou a vida de milhões. Devo mencionar também os muitos milhões de bebês a cada ano que morrem por meio do aborto.

Eu acredito que realmente não passamos por uma tribulação em que tudo estaria acabado a menos que Deus interviesse.

9) Como Ele foi, Ele volta

A doutrina preterista alega que Jesus voltou de forma invisível em 70 dC, mesmo o versículo deixando explícito que em sua vinda todo olho o verá (Ap 1:7 – compare com Mateus 24: 27).

Estes dois textos são usados pelos preteristas como prova de que Jesus voltou em 70 dC, mas não foi visto. Mesmo um texto dizendo que todo olho o verá e outro texto confirmando que a vinda de Jesus será como o relâmpago que sai do oriente e se mostra no ocidente, os preteristas entendem que a vinda foi invisível, ninguém viu!

No momento em que Jesus ascende ao céu, os anjos dizem aos discípulos: “Homens da Galileia, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que foi elevado entre vocês ao céu, virá da mesma maneira (ὃν τρόπον – hom tropon) que para o céu o vistes ir” (Atos 1:11).

Aqui estão alguns outros momentos nas Escrituras em que a frase, “da mesma maneira”, é usada de forma semelhante. São abordagens feitas com base no grego. Sinta-se à vontade para usar uma concordância ou um léxico para verificação.

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que lhe são enviados. Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como (ὃν τρόπον – hom tropon) uma galinha reúne seus pintinhos sob suas asas, mas vocês não quiseram” (Mateus 23:37).

Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo (ὃν τρόπον – hom tropon) que eles também” (Atos:15:11).

Ora, assim como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também (ὃν τρόπον – hom tropon) estes resistem à verdade: homens de mente corrupta, reprovados quanto à fé” (2 Timóteo 3: 8)

Jesus estava simbolicamente criando um conjunto de asas para reunir os filhos de Israel da mesma maneira que as galinhas ajuntam seus pintinhos. As circunstâncias da conversão de Cornélio foram exatamente da mesma maneira que a conversão de Pedro e dos outros cristãos. Os falsos mestres dos dias de Paulo estavam resistindo aos pregadores da palavra exatamente da mesma maneira que Janes e Jambres resistiram a Moisés. As ideias gerais de todas essas coisas eram as mesmas.

O que os anjos disseram aos discípulos no momento da ascensão de Jesus? Que Jesus foi para o céu nas nuvens e estava voltando nas nuvens da mesma maneira que foi.

Jesus, no Sermão do Monte, também predisse o tempo em que Ele voltaria nas nuvens: “Então o sinal do Filho do Homem aparecerá no céu, e então todas as tribos da terra prantearão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória” (Mateus 24:30). Essa é uma palavra para sua segunda vinda, que ainda não ocorreu. São duas vindas, não três (Compare com Hebreus 9:27). Ele não voltou em 70 dC.

10) Os céus e a terra passarão, mas

Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mateus:24:35).

Jesus relacionou a duração de Suas predições, ou seja, “todas essas coisas” (Mat 24:34) para a ordem criada (v. 35). Em contraste com “céu e terra”, que “passará”, as palavras proféticas de Jesus “não passarão”.

Este fato liga a duração das profecias de Jesus a eras, não décadas, ou 40 anos como querem os preteristas. Se Jesus quisesse dizer que Suas previsões estavam a caminho de serem cumpridas dentro de trinta ou quarenta anos, por que Ele confirmou que Suas predições seriam realizadas simultaneamente com a ordem criada do céu e da terra? Jesus pretendeu que Suas promessas no discurso do Monte das Oliveiras devem ser coextensivas com a ordem criada “até o fim chegar”. Quando essa hora chegar, a ordem criada se tornará caótica (v. 29). O fato de que Jesus empregou a analogia da ordem criada para certificar Suas predições indica que Ele viu a possibilidade para o cumprimento de “todas essas coisas” além de quaisquer restrições temporais imediatas.

Em suas parábolas, Jesus deu a entender que haveria um intervalo de tempo antes do julgamento escatológico. Na parábola do escravo mau, o servo pensou: “Meu senhor não vem há muito tempo” (Mt 24:48). Jesus ordenou às dez virgens para vigiar e se preparar “enquanto o noivo estava demorando” (Mt 25: 5). Na parábola dos talentos Jesus encorajou o fiel trabalhador, porque “depois de muito tempo” os servos seriam chamados em conta (Mt 25:19). A ênfase no atraso nessas parábolas é consistente com a indefinição de Jesus comunicando sobre o tempo de Seu retorno. Restringir a aplicação dessas parábolas a algumas décadas no primeiro século é injustiça às parábolas.

Os dados teológicos

Embora o preterismo moderado permita uma futura presença física de Cristo na terra, o preterismo radical não. Os preteristas radicais não antecipam um futuro advento de Jesus porque eles sustentam que Jesus voltou espiritualmente no primeiro século. E o que era iminente e imediato para a geração de Jesus então não pode ser iminente e imediato para as gerações de hoje. No entanto, a perspectiva de um retorno iminente do Senhor deve sempre permanecer um estímulo para a santidade, viver e servir até que Ele venha (1 João 3: 2-3).

Muitas passagens do Novo Testamento antecipam a vinda pessoal e física de Jesus Cristo. Em outras palavras, assim como Jesus foi historicamente e corporalmente presente na terra no passado, Ele está fisicamente presente no céu agora, e um dia Ele estará presente na terra novamente (Atos 1:11). Se a segunda vinda significa alguma coisa, significa isso.

Os dados históricos

As predições do Senhor vão além do mundo do primeiro século. Referências a eventos catastróficos globais e cósmicos dominam o Sermão do Monte, e a partir do momento em que Jesus deu este discurso algumas das previsões precisaram de tempo para se desenvolver.

As advertências de Jesus pressupõem que um período substancial de tempo passará antes que o fim chegue. Leva tempo para a nação levante-se contra a nação, e leva tempo para o evangelho ser pregado em todo o mundo. Esses eventos requerem mais tempo do que algumas décadas.

Jesus explicou que Sua vinda seria repentina, como a de um ladrão (24: 42-44). Em outro contexto, Jesus afirmou que Ele “vem como um ladrão” (Apocalipse 16:15). Para evitar a detenção quando cometem furto, os ladrões não avisam com antecedência de quando chegarão. Eles entram e escapam o mais rápido possível da cena do crime.

Ele afirma em Apocalipse: “Venho rapidamente” (“sem demora” em algumas traduções. (Ap 3:11) A palavra deveria ser traduzida por rapidamente, e não “sem demora”. Apesar do grego permitir os dois sentidos, aqui não é sem demora e nem em breve, mas rapidamente. O Senhor disse “rapidamente” para descrever a maneira em vez do tempo de Sua vinda. E de fato, pois foi revelado a Paulo que isso ocorreria em um momento, “num abrir e fechar de olhos” 1 Cor. 15. 52. Em outros contextos do Novo Testamento, como Mateus 5:25; 28:7; João 11. 29, “rapidamente” é usado no sentido de “velocidade” e não de iminência.

Jesus não voltou no primeiro século. O sistema solar permanece intacto; a história está em andamento; o mundo ainda está procurando evidências de que Jesus voltou (Mat. 24: 29-31; 2 Ped. 3: 3-4); o julgamento do fim não chegou (Mt 25: 31-46); e Deus ainda não se tornou “tudo em todos” (1 Coríntios 15:28).

11) Os quatro cantos da terra de Israel!

Repare nesse versículo do capítulo 24 de Mateus: “E ele enviará os seus anjos com uma grande trombeta e eles reunirão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma extremidade do céu para o outro” (Mateus 24:31).

Vamos associar com Lucas: “E quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima” (Lucas 21:28).

Jesus jamais poderia estar fazendo previsões sobre a destruição de Jerusalém quando dizia que a “redenção deles estava próxima, que reuniria seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma extremidade do céu para a outra”. Logicamente ele falava de algo que ainda não ocorreu, que não se cumpriu no tempo da destruição total de Jerusalém. Aqui fala de um resgate de todos os santos do mundo todo. Espero que não apareça um preterista interpretando “dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” como se fosse a região de Israel.

12) As Almas dos profetas que Jerusalém matou

Apocalipse 6:9-11, diz: “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. Eles clamavam em alta voz: ‘Até quando, ó Soberano santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?’ Então cada um deles recebeu uma veste branca, e foi-lhes dito que esperassem um pouco mais, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que deveriam ser mortos como eles”.

Se o livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém, e esses mártires são os profetas e santos do Velho e Novo Testamentos que devem aguardar até que seus irmãos também sejam mortos, então, quem seriam os próximos mártires, e quem os mataria se Jerusalém estava de mãos atadas e seria destruída em breve? O texto diz que “foi-lhes dito (aos profetas do V Testamento, segundo o Preterismo) que esperassem um pouco mais, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que deveriam ser mortos como eles

Isso pode abranger um tempo maior, além da destruição de Jerusalém. Além disso, os judeus rebeldes que morreram na invasão não podem ser considerados irmãos dos profetas mortos do Velho e Novo Testamentos. E se os preteristas argumentarem que esses mártires são os Apóstolos que morreram antes da destruição de Jerusalém, e outros anônimos perseguidos, os quais a Escritura nem nomeia, e muito menos diz quantos foram, devo dizer que não são suficientes para sufocar a prostituta com sangue inocente, pois ela é acusada de “estar embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus” (Apocalipse 17:6). Essa prostituta matou milhões, do contrário não poderia ser vista embriagada com o sangue dos fies.

13) O Princípio das Dores de Parto

No sermão profético, o Senhor Jesus começou a responder às perguntas dos apóstolos, lembrando-lhes que as dores de parto devem chegar antes do fim: “Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão. E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores” (Mateus:24:4-8).

Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados; porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado; não vades após eles. Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não será logo. Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; e haverá em vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu” (Lucas:21:8-11).

Pode-se dizer que muitos eventos ocorridos em meados do primeiro século representam as condições que Jesus chamou de “o início das dores de parto” e que “ainda não era o fim”. Por exemplo, o Novo Testamento e o historiador judeu Flávio Josefo relataram de falsos messias e falsos profetas contemporâneos. Josefo e Filo registraram sobre várias batalhas, guerras civis e “rumores de guerras” que assolaram todo o Império Romano durante o mesmo período. Tácito relatou várias batalhas nos Anais da Roma Imperial, assim como Suetônio em Os Doze Césares. O livro de Atos (em 11: 27-29) menciona uma fome que afetou o Império Romano, especialmente a Judéia. Tácito escreveu sobre as fomes que ocorreram em Roma e na Grécia e sobre vários terremotos que aconteceram durante os anos anteriores a 70 dC. Muitos judeus nas proximidades do templo de Jerusalém sentiram um terremoto durante este período e Tácito mencionou dois cometas que cruzaram o império em 60,70 dC.

Os preteristas apresentam estas evidências como prova de que são os sinais da volta do Senhor que ocorreram antes de 70 dC. No entanto, deve-se notar que tais eventos catastróficos ocorreram e ocorrem em todos os períodos da história. Guerras, terremotos, fomes e pragas têm feito parte da condição humana desde a queda. O que ocorreu nos momentos anteriores à destruição de Jerusalém foram os sinais das dores de parto se iniciando, e isso prova que eles não sinalizam o fim da era. Os sinais não deveriam ser tomados como sinais de um fim iminente. Jesus os adverte para não se confundirem com sinais preliminares, pois “isso ainda não é o fim” (Mateus 24: 6b) e “todas essas coisas são apenas o começo das dores do parto” (24: 8).

A destruição de Jerusalém não foi o fim!

Vamos lançar mão de Isaías como alternativa para nosso argumento sobre as dores de parto, que podem também estar apontando para os sinais que começam a ocorrer antes da segunda vinda no fim dos tempos. Observe que as dores de parto é a linguagem do Antigo Testamento sobre o Dia do Senhor:

Uivai, porque o dia do Senhor está perto; virá do Todo-Poderoso como assolação. Pelo que todas as mãos se debilitarão, e se derreterá o coração de todos os homens.

E ficarão desanimados; e deles se apoderarão dores e ais; e se angustiarão, como a mulher que está de parto; olharão atônitos uns para os outros; os seus rostos serão rostos flamejantes.

Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a terra em assolação e para destruir do meio dela os seus pecadores. Pois as estrelas do céu e as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz.

E visitarei sobre o mundo a sua maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos cruéis.

Farei que os homens sejam mais raros do que o ouro puro, sim mais raros do que o ouro fino de Ofir. Pelo que farei estremecer o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira” (Isaías:13:6-13).

Em Mateus 24, Jesus menciona “dores de parto” (v. 8), bem como o escurecimento do sol e da lua (v. 29). Essas são referências muito claras à passagem de Isaías 13 acima.

Isaías 13 começa dizendo que é um oráculo contra a Babilônia. Portanto, partes de Isaías 13 têm um cumprimento histórico antes da época de Cristo. No entanto, Jesus acredita que este capítulo não foi totalmente cumprido na história. Ao fazer alusões a este capítulo em seu discurso do fim dos tempos, ele está sinalizando que partes desta passagem ainda não foram cumpridas.

Isso também pode ser confirmado pelo próprio texto. Em Isaías 13: 6-13, Deus faz algo que não tem cumprimento histórico. Em particular, Deus diz que tornará a humanidade mais rara do que “o ouro de Ofir”.

Ao mencionar as “dores de parto”, Jesus está ligando esses desastres em particular ao Dia do Senhor do fim dos tempos em Isaías 13.

Portanto, ao responder à pergunta sobre “quando serão essas coisas”, ele os adverte contra serem enganados pelos sinais iniciais. Isso significa que ele está de fato respondendo à pergunta deles sobre “quando serão essas coisas”. Jesus alertou contra uma identificação prematura desses sinais iniciais – esse tipo de evento ocorreu em menor grau naquele período de tempo. No entanto, as Escrituras predizem uma intensificação particular dessas dores de parto nos anos que antecedem o fim dos tempos. Por exemplo, o Apocalipse prediz granizo, fogo e sangue destruindo um terço das árvores e toda a grama, uma montanha de fogo sendo arremessada ao mar que destrói a vida marinha, uma “estrela” cadente envenenando o sistema de água e o sol, a lua e as estrelas sendo atingidos pelas trevas (Apocalipse 8: 7-12).

O escritor do Apocalipse também previu que uma “estrela” caída abrirá um grande poço na terra, resultando em uma fumaça que escurece a atmosfera (Ap 9: 1-2). Ele também descreveu um grande terremoto (Apocalipse 11:13). Nenhum desses eventos aconteceu no primeiro século, mas isso não impediu muitos preteristas de se envolverem na ginástica exegética para argumentar que eles ocorreram. Devo dizer aqui que eles usam as catástrofes descritas em Apocalipse para interpretar Mateus 24 de forma literal. Que não fujam dessa responsabilidade agora.

Jesus continuou seu discurso enumerando outros eventos que intensificam as dores de parto. Ele ensinou: “Então, sereis entregues à tribulação e à morte, e sereis odiados por todas as nações por causa do meu nome. E então muitos cairão e trairão uns aos outros e se odiarão. E muitos falsos profetas surgirão e levarão muitos ao erro. E por aumentar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mat. 24: 9-13).

Os preteristas observam corretamente que o livro de Atos relata como os apóstolos e alguns dos outros primeiros cristãos foram perseguidos, açoitados, espancados, trazidos a julgamento, presos e mortos por sua fidelidade ao evangelho (“perseverando até o fim”). A evidência externa da história da igreja confirma ocorrências semelhantes. No entanto, a versão de Lucas do Sermão do Monte inclui a frase, “mas antes de tudo isso” (Lucas 21:12), que diz ao leitor que esta perseguição começaria antes das dores de parto descritas nos versículos anteriores (vv. 8-11). Além disso, essa perseguição aos cristãos continuou inabalável por 2.000 anos após o primeiro século. Este fato testemunha contra a argumentação defendida pelo preterismo, ou seja, uma perseguição que se refere apenas ao período apostólico anterior a 70 dC.

Esta parte do Sermão do Monte (Mateus 24: 9-13; Marcos 13: 9-13; Lucas 21: 12-19) deve ser entendida como uma advertência de perseguições e tribulações permanentes que os cristãos experimentarão durante o período entre o advento de Cristo. Esse entendimento é fortalecido pelo indicador temporal de Jesus “antes de todas essas coisas” (Lucas 21:12), que proíbe o leitor de igualar esta tribulação anterior com a tribulação sem precedentes e inigualável que ocorrerá no final dos tempos (Mt 24: 21ss; Lucas 21: 22-23; cf. Dan. 12: 1-2). João também diferenciou entre tribulação geral experimentada pelos crentes (Apocalipse 1: 9; cf. 2: 9-10) e o período futuro de “grande tribulação” (Apocalipse 2:22; 7:14; 12: 7- 17; 13: 5-8).

Ele relatou que os primeiros mártires cristãos foram instruídos a “descansar um pouco mais” até que seus companheiros santos experimentassem o martírio (Apocalipse 6: 9, 11) durante “a grande tribulação” (Apocalipse 7:14; cf. Apocalipse 20: 4)). A evidência bíblica indica que as dores de parto iniciais, incluindo a perseguição aos santos, irão se intensificar à medida que o fim se aproxima, consistente com a declaração do Senhor de que “o fim não será logo” (Lucas 21: 9).

14) “Não me vereis mais até”

Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Mateus:23:39).

Israel, dê certo, não veria mais Jesus, pois Jesus lhes disse: “Eis aí abandonada vos é a vossa casa” (Mateus:23:38).

Os preteristas afirmam que “vos/vocês” significa a geração que ouviu Cristo falar essas palavras. A questão permanece, porém, quando no cerco e destruição de Jerusalém, Israel olhou para o Senhor Jesus e disse: “Bendito o que vem em nome do Senhor?”

O versículo ajuda a explicar a desolação da casa de Israel no versículo 38. De alguma forma, o abandono da casa de Israel está relacionado à ausência do Senhor Jesus. O problema para os preteristas é a última metade do versículo: “Não me vereis mais até que digam: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor!”

De forma alguma eles veriam o Senhor até que Israel fizesse o grande pronunciamento do Salmo 118: 26, a mesma exclamação que as multidões que tinham vindo a Jerusalém com Cristo haviam feito na chamada “Entrada Triunfal” (Mt 21: 9; Marcos 11:9; Lucas 19:38). O termo grego, ho erchomenos, o que vem, também é significativo porque é messiânico. Isso seria especialmente verdadeiro quando associado à “em nome do Senhor“. Em outras palavras, essa vinda deve ser identificada com o triunfo do segundo advento, conforme retratado no Salmo 118. Além disso, Mateus 23:39 antecipa o arrependimento de Israel. Embora o versículo 38 se refira à destruição de Jerusalém em 70 dC, não pode ser o mesmo evento do versículo 39. Os judeus rebeldes, e sem arrependimento, dificilmente chamariam a horrível dizimação das vidas naquele cataclísmico evento de uma abençoada vinda do Messias- os preteristas descrevem em detalhes a apostasia e os falsos mestres que estavam presentes no mundo e em Jerusalém em 70 dC – agora não podem escapar de seus argumentos afirmando que houve arrependimento de Israel em meio a apostasia. Trágico e cômico!

O ponto do Senhor é óbvio: Israel rejeitou seu Messias; portanto, o julgamento estava por vir. Israel ficaria sem a presença de seu Messias desde aquele tempo até receber o Senhor Jesus. Quando Israel se arrepender, o reino virá; isso é o que Cristo está dizendo aqui. Israel, então, contemplará o Seu retorno com alegria e bênçãos para si. Assim, entre a desolação de Jerusalém (v. 38) e a mudança de atitude do povo judeu em relação a Jesus (v. 39) um período indeterminado deve ocorrer. A desolação de Jerusalém até a bênção daquela cidade no Messias são eventos separados por um período longo. Basta dizer que Israel continua incrédulo.

Evidentemente, a recepção que Jesus imaginou seria adiada e o uso de “até” por Mateus permite isso. Ou seja, com o hiato entre a desolação de Jerusalém e a acolhida pela cidade ao Filho do Homem, um período indeterminado separa seus contemporâneos judeus do cumprimento de “todas coisas”. O período entre “esta geração” e o cumprimento de” todas essas coisas “(v. 36), quando combinada com o modo subjuntivo do verbo, pode ser traduzida, “até que essas coisas acontecerem”. Esse entendimento harmoniza-se com a doutrina do futurismo (24:36, 42-44; 25:13, 19).

De acordo com o preterismo, o cumprimento da maioria, senão de todos “estas coisas “é definido e fechado. Mas o contexto do sermão, que não está apenas em Mateus 24, mas teve início no capítulo 23, e se estende até o 25, somado ao tempo dos verbos, seguidos da declaração de Jesus que Ele não sabia o “dia ou a hora” (24:36), mostram que o prazo de cumprimento vai além de 70 dC.

15) “O vosso livramento dos judeus se aproxima” …

Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima” (Lucas:21:28).

Não é lícito aplicar essas palavras aos eventos anteriores à destruição de Jerusalém e fazer “redenção” referir-se à libertação dos discípulos do poder de seus perseguidores judeus. Muitos, se não todos os discípulos, foram implacavelmente perseguidos e assassinados após a destruição de Jerusalém pela Roma Imperial, e em tempos posteriores, durante séculos, pela Roma papal.

Do contexto aqui, como também em Marcos 13 (especialmente Marcos 13:32, onde o uso de “aquele dia” e “aquela hora” fala expressamente sobre a segunda vinda), deixa evidente que as palavras se referem à libertação dos fiéis da angústia (através da perseguição e outras misérias na terra) no segundo advento de Cristo (Compare 2 Tess 1:7 com Heb 9:28). É claro que essas palavras no versículo 28 têm, em um sentido secundário, um significado também para todos os outros tempos de opressão que os fiéis são chamados a passar.

A história provou que Jesus não quis dizer aqui (Lc 21:28) sobre a queda do estado judeu e a libertação dos discípulos da opressão das perseguições judaicas, pois mesmo antes da queda de Jerusalém, por exemplo, pelo menos dois (Pedro e Tiago – provavelmente João) dos quatro apóstolos que ouviram o sermão (cf Marcos 13:2) foram martirizados antes de 70 dC (Mc 10:35,39) por autoridades sob o comando de Roma. André e todos os outros apóstolos morreram como mártires após a queda de Jerusalém. Além disso, a Igreja após a queda do estado judeu pelo poder dos romanos frequentemente suportou tempos terríveis de perseguição (muito pior do que sob os judeus antes de 70 dC).

16) O Evangelho foi pregado a todas as nações em 70 dC?

Jesus continuou seu Sermão do Monte profetizando sobre uma pregação mundial do Evangelho antes do fim. Ele explicou que “este Evangelho do reino será proclamado em todo o mundo como um testemunho a todas as nações e então virá o fim” (Mateus 24:14; cf. Lucas 21:26).

Os preteristas argumentam que a palavra aqui, quase sempre traduzida como “mundo” (οἰκουμένη), é um termo técnico que se refere ao mundo civilizado, uma menção ao Império Romano durante o primeiro século. Eles afirmam que o Evangelho já havia sido proclamado em “Todas as nações” pertencentes ao império durante a era apostólica, e que o fim mencionado por Jesus deve significar o fim de Jerusalém e da era judaica em 70 dC quando os romanos invadiram Jerusalém e destruíram o Templo. Eles acreditam também que a vinda de Jesus proclamada em todas as Escrituras ocorreu em 70 dC.

Os Preteristas apoiam essa afirmação – que o Evangelho foi anunciado ao mundo todo – apelando para a declaração feita pelo apóstolo Paulo aos Colossenses: “… da palavra da verdade do Evangelho, que já chegou a vós, como também está em todo o mundo, frutificando e crescendo… e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro” (Colossenses 1:5,6,23).

O versículo 23 foi muito mal traduzido, pois não está de acordo com a declaração anterior de Paulo, de que o Evangelho “está frutificando e crescendo em todo mundo“. Se o Evangelho está frutificando e crescendo, deve significar que “está sendo pregado a toda criatura” e não que “já foi pregado a toda criatura“. A frase geralmente traduzida como, “que foi proclamado”, em Colossenses 1:23, está no tempo aoristo (1), que frequentemente carrega um aspecto contínuo – fala do Evangelho “que é proclamado“.

Veja como a New English Bible traduziu corretamente o texto: ” … continuem firmes na fé, e não se distanciem da esperança da Boa Nova que ouvistes e que se proclama em toda a criação debaixo do céu; do qual eu, Paulo, me tornei um servo“.

A Bíblia Douay-Rheims traduziu de forma semelhante: “continuais na fé, alicerçados e firmes, e imóveis na esperança do evangelho que ouvistes, que é pregado a toda a criação que está debaixo do céu, da qual eu, Paulo, fui feito ministro“.

A World English Bible seguiu o mesmo padrão: “… continuais na fé, alicerçada e firme, não se afastando da esperança da Boa Nova que ouvistes e que se proclama em toda a criação debaixo do céu; do qual eu, Paulo, fui feito servo“.

O apóstolo mostra nesse texto que o Evangelho estava se espalhando amplamente e com sucesso onde quer que fosse proclamado. A ideia é que o Evangelho não se limita “à” nação de Israel ou a um determinado grupo de nações. Isso sugere que o escopo pretendido do Evangelho é “todas as nações”, o que pode ser entendido pelas palavras do próprio Paulo na carta aos romanos: “mas agora manifesto e, por meio das Escrituras Proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé” (Romanos 16:26).

Provavelmente foi por este motivo que a tradução da NVT trouxe o versículo da seguinte forma: “mas que agora, como os escritos dos profetas predisseram e o Deus eterno ordenou, é anunciada aos gentios de toda parte, a fim de que eles também possam crer nele e lhe obedecer”.

Este versículo é uma alusão ao Salmo 19:4, que foi escrito durante o reinado do Rei Davi. Este salmo fala dos “céus” e seus corpos celestes declarando a glória de Deus a “toda a terra” e “ao fim do mundo”. Isso sugere fortemente que Paulo tomou emprestada a linguagem deste Salmo para expressar a ideia de que a mensagem celestial – o Evangelho – se destina a judeus e gentios sem distinção (Rom 10:18; cf. 10:12).

John Piper explica o significado do versículo em Colossenses 1:23: “Aqui está minha solução simples, embora você precise saber grego para vê-la. O grego para a frase “que foi proclamado” é tou kēruchthentos. Este é um particípio substantivo que poderíamos traduzir “que é proclamado” … O fato de o particípio “proclamado” ser aoristo não significa que a proclamação já aconteceu no passado… O tempo aoristo em tais usos não denota um tempo específico.

Portanto, a leitura mais simples de Colossenses 1:23 é que Paulo está definindo o Evangelho como o tipo de Evangelho ilimitado e global em escopo e, portanto, é pregado, por definição, em toda a criação. Não há nenhuma declaração aqui de que já aconteceu. Então, eu iria traduzir: “… se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do Evangelho que ouvistes – o Evangelho que é proclamado em toda a criação debaixo do céu.” (Has the Gospel Been Preached to the Whole Creation Already? Article by John Piper). Desiring God website.

A linguagem figurativa empregada por Paulo e seu companheiro de viagem, Lucas, para descrever a intenção não discriminante e a vitória do Evangelho contrasta com o significado literal das palavras de Jesus em Mateus 24:14. Não há razão convincente para interpretar as palavras do Mestre em Mateus 24:14 de forma figurada. Em vez disso, o Evangelho será proclamado “a todas as nações”, ou seja, “a todos os grupos étnicos” – em todo o mundo, para fornecer-lhes um testemunho (Mateus 24:14) antes do julgamento no final da era, um julgamento que incluirá “todas as nações” (Mat. 25:32), o que não ocorreu em 70 dC.

Deve ser notado que Paulo não acreditava que o trabalho de pregar o Evangelho tinha sido concluído; ele também escreveu (na mesma carta, três capítulos depois) aos cristãos de Colossos, que estes orassem para que uma porta se abrisse para a pregação do Evangelho: “Ao mesmo tempo, orem também por nós, para que Deus nos abra uma porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado” (Colossenses 4: 3).

Observe a seguir como o argumento a favor da verdade prevalece diante da heresia preterista; Paulo escreveu aos Efésios enquanto estava preso em Roma. Preso por amor a Cristo (Ef 3: 1; 4: 1; 6: 20).

A Epístola aos Efésios tem muita afinidade com a Epístola aos Colossenses, e foi escrita logo após esta. Se Paulo disse que o Evangelho já havia sido pregado no mundo todo na carta aos Colossenses, então os preteristas deveriam explicar do porque ele ainda falava em anunciar o Evangelho numa carta posterior: “com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos, e (orem) por mim, para que me seja dada a palavra, no abrir da minha boca, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho” (Efésios 6:18,19). E o problema preterista aumenta quando vemos que Paulo, durante sua segunda prisão em Roma – depois de escrever aos Colossenses e aos Efésios – exorta Timóteo a pregar o Evangelho: “prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino” (2 Timóteo 4:2).

O livro do Apocalipse também transmite o conceito de que o Evangelho eterno deve ser proclamado a “toda nação, tribo e língua e povos” (Ap 14: 6) antes da gloriosa revelação de Jesus. Por outro lado, a abordagem preterista de Mateus 24:14 (“E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim“) importa um significado limitado para as palavras de Jesus e, portanto, distorce a própria base para o evangelismo mundial.

A interpretação preterista de Mateus 24:14 involuntariamente mina a Grande Comissão (Mateus 28: 18-20; cf. Marcos 16: 15-18). A razão para isso é dupla: Primeiro, Jesus prometeu estar com seus discípulos em seus esforços evangelísticos até “o fim dos tempos” (Mt 28:20), uma era que muitos preteristas acreditam que terminou com a destruição de Jerusalém em 70 dC. Em segundo lugar, Jesus ordenou a seus discípulos que fizessem discípulos de “todas as nações“. Com base em sua interpretação de “todas as nações” em Mateus 24:14, a consistência hermenêutica exige que os preteristas entendam esse mandamento como tendo sido cumprido o mais tardar em 70 dC. Além disso, os preteristas não podem exigir que importemos o significado das passagens paulinas para o “todas as nações” de Mateus 24:14, enquanto argumenta que esta linguagem exata significa algo muito diferente quando aparece alguns capítulos depois no mesmo Evangelho (Mateus 28:19).

1) Forma verbal do grego antigo, caracterizada por expressar a ação sem limitação de tempo (sem limite ou especificações de tempo). O aspecto verbal que não denota a duração de tempo (em quaisquer idiomas/línguas).

17) A Vinda de Jesus (Parusia)

O que significa “vinda” (Parusia)? Este substantivo ocorre quatro vezes no discurso do Monte das Oliveiras (somente neste discurso Mateus usa o termo Parusia e são as únicas ocorrências nos Evangelhos). A primeira ocorrência está na pergunta feita pelos discípulos. Curiosamente, os três restantes estão em cláusulas idênticas, “assim, será a vinda do Filho do Homem” (Mateus 24:27).

A palavra Parusia foi usada no Novo Testamento no sentido de presença real. Cinco vezes é usada para fazer referência à vinda de indivíduos: Estéfanas, Fortunato e Acaico (1 Cor 16: 17), Tito (2 Co.7:6,7) a “presença” física do próprio Paulo (2 Cor 10:10, Fil 1:26,27; 2:12). Em cada um desses casos, a pessoa está fisicamente presente. Em todos os outros casos, Parusia é usada para a presença do Senhor em Sua vinda. Veja alguns textos: “Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Coríntios:15:22-23).

Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória, diante de nosso Senhor Jesus na sua vinda? Porventura não o sois vós?” (1 Tessalonicenses:2:19).

“… para vos confirmar os corações, de sorte que sejam irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos” (1 Tessalonicenses:3:13).

Portanto, temos o mesmo significado nas referências de Mateus 24 antes e depois do versículo 36 e 37 (“Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai. Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem“).

Se a vinda do Filho do Homem nessa referência em Mateus trata do segundo advento, seria de se esperar que a cláusula idêntica em 24:27 (“Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem“) se referisse ao mesmo evento.

A palavra também teria o mesmo significado em 24:3 (“E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo“). Deve ser o segundo advento em cada caso.

Cuidado com os que dizem que ele já voltou, “ei-lo ali, ou ei-lo aqui“. Jesus ensina a Seus discípulos a respeito da Sua vinda, conforme indicado especificamente em 24:26, que Seu retorno será visível, não invisível. É a isso que Jesus estava se referindo quando disse que diriam antes de Seu retorno real: “Eis que Ele está no deserto [isto é, já veio]” e “Eis que Ele está [já veio] no interior da casa” (Mat. 24:26).

Os preteristas dizem que os sinais precederam ao fim, mas eles se referem ao fim de Jerusalém. Porém, Jesus disse que ainda não era o fim quando respondeu aos discípulos sobre sua vinda física que somente ocorrerá no fim dos tempos

As pessoas não devem ser enganadas por falsos mestres ou messias falsificados que fazem suas afirmações enganosas em algum deserto ou santuário interno (24:26). Eles podem até fortalecer suas pretensões com milagres fantásticos (24:24). A razão pela qual os seguidores do Senhor não devem ser desviados é porque a vinda do Senhor Jesus será tão espetacular que ninguém deixará de vê-la. Será como um raio que se estende de um horizonte a outro.

Seu segundo advento será tão óbvio quanto um relâmpago que se estende pelo céu. Assim será a presença inequívoca e real do Senhor Jesus Cristo em Sua segunda vinda à terra: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mateus 24:30).

18) “Naquele dia destruirei todas as nações que vierem contra Jerusalém”…

O contexto de Zacarias 12:10 (“E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito”) é muito significativo. Em vez de profetizar a destruição de Jerusalém, está prevendo o oposto. “Naquele dia, procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém (Zacarias 12: 9). Este é o teor de Zacarias 12: 1-8; antecipa a libertação futura de Deus para Israel, quando Jerusalém estará novamente cercada por inimigos. “Naquele dia” é profético; é um tempo de libertação para Israel, não de julgamento. (Observe a repetição constante de “naquele dia” [12: 3, 4, 6, 8 (2x), 9, 11; 13: 1, 2, 4]).

É claro que o contexto de Zacarias é um luto que resulta em limpeza e libertação para Israel. Qualquer que seja o sinal do Filho do Homem, isso resulta no arrependimento nacional de Israel. Isso se assemelha perfeitamente ao que Paulo diz em Romanos 11: 25-27. Esta explicação de Mateus 24: 30 prepara o terreno para a compreensão da última metade do versículo. Isso não ocorreu em tempo algum até a presente data.

Em resumo, Mateus 24:30 descreve uma aparição visível do sinal do Filho do Homem, o arrependimento de Israel e o retorno triunfante de Cristo para reinar no planeta terra. Isto não aconteceu em 70 dC.

19) Tarde demais para escapar

Mateus 24:15 -18, diz: “Portanto, quando virdes estar no lugar santo a abominação da desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa”.

Preteristas com grande habilidade apontam que nos dias anteriores ao ano 70 dC havia falsos messias, guerras e rumores de guerras, fomes, terremotos, muitos mártires, falsos profetas, aumento da maldade e a proclamação do evangelho em todo o mundo romano, todos em cumprimento das profecias do Senhor em Mateus 24: 4-.

Eles também veem o cumprimento de Mateus 24:15 -18 e Marcos 13:14 no tempo que precedeu a queda de Jerusalém – ou em sua queda. Eles explicam a abominação da desolação como a captura e queima do Templo pelos romanos. No processo de incendiar o Templo, os soldados romanos ergueram seus estandartes em frente ao portão oriental e ofereceram sacrifícios a eles. Se for assim, isso acarretaria não apenas a contaminação do altar por sacrifícios oferecidos com corações impuros, mas também uma adoração real de outro deus usando o Templo como um meio para tal ato covarde. Os preteristas que concordam com isso consideram ser a adoração dos padrões romanos nos arredores do Templo. No entanto, se esta interpretação for aceita, Mateus 24: 15 -18 (“quando virdes estar no lugar santo a abominação da desolação … fujam” ), é difícil, se não impossível, de explicar. A essa altura, seria tarde demais para os seguidores do Senhor Jesus escaparem; os romanos já haviam tomado a cidade nessa ocasião.

20) Questionando os Preteristas

Foram reunidas neste último tópico 15 perguntas pertinentes feitas aos preteristas. Perguntas que, ao longo desses anos, jamais foram respondidas satisfatoriamente por esta doutrina confusa e omissa.

1) Apocalipse 20 indica que aqueles que não tomam parte na primeira ressurreição enfrentarão a segunda morte, que é o lago de fogo, e uma vez que os preteristas dizem que a primeira ressurreição já passou, não devemos ficar preocupados se estamos ainda aqui e perdemos a primeira?

2) Se não houver mais um anticristo, ou falso profeta, nenhuma marca da besta, nenhuma tribulação futura, sem problemas futuros como descritos nos selos, trombetas e taças do Apocalipse, não há futuro “arrebatamento dos santos” , sem futuro reino milenar , então tudo o que nos resta é somente um julgamento final?

3) Quando é que os mercadores da terra ficaram ricos das mercadorias de Babilônia Mistério (Jerusalém) antes de 70 dC?

4) Quando todas as nações foram enganadas pelas feitiçarias dessa Babilônia Mistério (Jerusalém) antes de 70AD?

5) Quando é que TODAS as nações beberam do vinho da Babilônia Mistério (Jerusalém) antes de 70 dC?

6) Como poderia a prostituta (Mistério Babilônia – Jerusalém) ser devorada/queimada em 70 dC e ainda assim estar presente hoje?

7) Como pode Apocalipse 18:23 já ter se cumprido quando as velas continuam queimando em Jerusalém?

8) Como pode Apocalipse 18:23 já ter se cumprido quando a voz da noiva e do noivo ainda é ouvida em Jerusalém?

9) Uma vez que Jerusalém ainda existe hoje, significa que Jesus falhou em sua tentativa de destruir Jerusalém em 70 dc?

10) Se a destruição sobre Jerusalém estava perto, por que Jesus disse em Luc 21:28 que aproximava-se uma redenção?

Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”.

11) Os preteristas dizem que 95% de toda a profecia foi cumprida na destruição de Jerusalém em 70 dC. Se isso for verdade, então a maior parte da Bíblia é só história e tem muito pouco para nós hoje. Como sabemos que parte da Bíblia ainda é válida?

12) Romanos 11:25 diz: Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. Se, como dizem os preteristas, o “tempo dos gentios”, que terminou com a destruição de Jerusalém, (70 AD) faz que Israel não tenha mais cegueira, o que deveria significar então que Israel ainda está completamente cego?

13) Como pode a 2ª vinda de Cristo ser somente um ato de julgamento, quando a Escritura diz que quando Ele voltar, ele também trará sua recompensa com Ele (Mt 16:27; Ap 22:12), e nós seremos arrebatados para encontrá-Lo no ar e transformados num momento, num abrir e fechar de olhos?

14) Se a ressurreição é passado, como dizem os preteristas, como pode ainda haver uma “ressurreição do último dia?” O último dia já aconteceu? Está, ou ficou, o “último dia” em algum lugar no passado?

15) Quando aconteceu o ajuntamento de todos os escolhidos de uma a outra extremidade dos céus antes de 70 dC como registrado em Mateus 24:31, “E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus?”

As contradições do Preterismo não tem fim…

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