Alguém declarou: “Se provarmos que o livro de Apocalipse foi escrito depois de 70 dC, toda a base da interpretação preterista desmorona”
A importância da data do livro de Apocalipse é especialmente crucial para a teoria dos preteristas. Eles jamais abandonaram a tese de que João foi exilado em Patmos no inicio da década de 60 dC, e que ali, antes da destruição de Jerusalém, ele recebeu e registrou as visões do Apocalipse. Como disse na primeira parte: a escola preterista, insistente e confusa, argumenta que o Livro de Apocalipse é um manual da guerra entre Jerusalém e Roma, e que em sua maior parte – as profecias – apontam para fatos ocorridos antes e durante a destruição da cidade pelas tropas do general Tito em 70 dC.
Para ser mais exato, devemos entender (?) o preterismo como um sistema de interpretação profética que compreende praticamente todas as profecias bíblicas cumpridas. A segunda vinda de Cristo e todos os eventos presentes, a ressurreição dos santos e etc., são todos entendidos como passados. Cristo veio, o reino veio, e a ressurreição ocorreu, tudo de uma maneira espiritual. A maioria das profecias, alegam, tiveram cumprimento simbólico.
Em geral, se as profecias detalhadas daqueles dias – ou dos últimos dias (?) – são simbólicas, para qual realidade elas apontam? A João foi mostrado sobre as “coisas que devem em breve acontecer“, mas que coisas foram estas? Se é simbólico então nada acontece. Como entender esse tipo de contradição? Se elas apontaram para nada que pudesse ser visto ou observado, então por que envolver tudo em profecias, e por que com tantos detalhes? Toda a revelação é despojada de seu significado e relevância, se nós nunca tomarmos uma profecia apontando para eventos reais e observáveis. No entanto, para o preterismo isso não importa.
Por essas e outras que o Preterismo está abarrotado de contradições. E elas são muitas:
1) É Simbólico ou Literal?
O Preterismo interpreta a maior parte das palavras de Jesus em Mateus 24 e referencias similares de forma profundamente literal e local. Porém, a partir de certo ponto as coisas começam a ser interpretadas simbolicamente e espiritualmente. A tribulação é literal, ocorreu em Jerusalém, já alguns elementos da natureza, como o movimento no sol, lua e estrelas que caem do céu são simbólicos, dizem eles. Também fazem da Vinda de Jesus descrita em Mateus 24:30,31 algo simbólico, mas com os efeitos de vinda definitiva, ou seja, aquela descrita em várias partes do novo Testamento é a vinda em 70 dC. Para muitos deles Jesus já voltou!
Jesus não disse que o seu retorno seria espiritual. Além disso, o verso 31 de Mateus 24 diz que na sua vinda ele enviará os seus anjos e estes reunirão os seus escolhidos: “E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus“. Isso não ocorreu na destruição de Jerusalém, nem antes e nem depois. Nem podia, pois não faz sentido anjos saírem pelos quatro cantos da terra recolhendo os salvos enquanto Jerusalém era destruída pelo exército do general Tito.
Os preteritas possivelmente lamentam que esses versículos – descrevendo a Vinda do Senhor – está antes da constituição deles estampada em Mateus 24:34, que diz: “ Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam”. Sendo obrigados a dar satisfações de que “Todas essas coisas” antes do verso 34 – a Vinda do Senhor também – ocorreram (naquela geração), então eles transformaram essa vinda de Jesus em vinda simbólica. Ninguém viu (Atos 1:11).
Esse é um exemplo desastroso para os preteristas dentro de seu capítulo favorito, mas existem dezenas deles em outros contextos das Escrituras. Por exemplo, Hebreus 9:27 diz que “Ele (Jesus) veio uma vez e virá segunda vez aos que o aguardam para a Salvação”. O texto é universal – não fala de judeus rebeldes, vítimas da assolação que veio sobre Jerusalém, mas fala daqueles que “aguardam a salvação”. Esse contexto não encaixa de forma alguma na Jerusalém de 70 dC. SE ele veio uma vez e virá a segunda vez como registrado em Hebreus, significa que ele não veio em 70 dC nem se pudesse ser interpretado de forma simbólica. Além disso, não são três vindas, mas duas apenas.
Outro detalhe que devemos observar: por que alguns discípulos pregaram o Evangelho depois de 70 dC se Jesus já havia voltado alguns anos antes? Se os apóstolos sabiam disso por que Tomé foi martirizado anunciando o Evangelho na Índia depois de 70 dC? Por que Felipe foi para o leste da Turquia pregar o Evangelho depois de 70 dC, e ali foi executado se Jesus já havia voltado?
Um caso a se pensar preteristas.
2) Falsos Cristos e falsos profetas
“Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos”, Mat 24:5.
Os preteristas assumem que esses falsos profetas foram os que proliferaram a Igreja antes da destruição de Jerusalém. No entanto, naquela época (até 70 dC) Cristo ainda estava por ser anunciado ao mundo. Como viriam falsos Cristos em Seu nome se Seu nome nem houvera sido ainda conhecido e anunciado? Era o inicio das boas novas!
Observem que deveria haver tempo de Cristo ser anunciado e após isso se levantarem muitos falsos mestres e, o impossível: Enganariam a muitos!
É muita coisa para acontecer num tempo muito curto!
3) II Tessalonicenses 2 – a Volta de Jesus e o Homem do Pecado
Os preteristas, principalmente os radicais, insistem que o Homem do Pecado descrito em II Tessalonicenses 2 deve ter estado presente no primeiro século, e que Jesus o exterminou com sua vinda em 70 dC.
Devemos rejeitar que o Homem do Pecado deve ter estado presente em 70 dC. Na verdade, não há evidências para tal fato.
No contexto de II Tessalonicenses 2: 2, Paulo declara: “… não vos movais facilmente do vosso modo de pensar, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse já perto“.
O que é traduzido aqui como “próximo” deve significar ‘iminente’ em oposição a ‘passado’, porque ninguém em Tessalônica teria se preocupado com o segundo advento de Cristo ser passado, visto que eles foram bem informados por Paulo em sua primeira carta que Seu segundo advento é universal e visível (1 Tess 4:14-18; 5:1-4).
Deve ser notado que na última referência, Paulo diz : “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que aquele dia, como ladrão, vos surpreenda” (1 Tess 5:4). “Aquele dia” é uma referência para a segunda vinda do Senhor. O alerta é para que sejam fieis ate o fim de sua vidas; e quando o Senhor retornar, lhes dará a devida recompensa.
Fica evidente que ele não falava de 70 dC. O povo de Tessalônica vivia numa distância consideravelmente longa e não seria atingido pelos efeitos posteriores (qualquer que tenham sido) da “vinda” do Senhor sobre Jerusalém para julgá-la. Os efeitos que transformaram a vida daqueles convertidos foram apresentados na morte e ressurreição de Jesus, quando se deu a mudança de Sacerdócio e de Concerto, o que os preteristas entendem ter ocorrido em 70 dC.
II Tessalonicenses 2: 3 diz: “Ninguém de modo algum vos engane; porque isto (a vinda de Jesus) não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição“.
Se o Apóstolo Paulo realmente acreditava que a presença do Homem do Pecado era iminente (se o Homem do Pecado fosse identificado como sendo um imperador Romano, por exemplo), então ele certamente teria informado aos tessalonicenses que o segundo advento de Cristo estava às portas por causa da presença do Homem do Pecado. Porém, ele disse que o dia do Senhor não estava perto: “… não vos perturbeis … como se o dia do Senhor estivesse já perto… isto não sucederá sem que seja revelado o homem do pecado” (2 Tess 2:2,3). Ele registrou essas palavras 18 anos antes da destruição de Jerusalém – em 52 dC.
Esse contexto é importante. Paulo indicou que os cristãos podiam saber que a vinda de Cristo não estava próxima até que este “Homem do Pecado” tivesse completado sua obra de engano e destruição e fosse vencido pelo próprio Cristo na sua vinda (II Tessalonicenses 2: 4). Em outras palavras, Paulo sabia que o Homem do Pecado não estava ainda presente no mundo.
Portanto, devemos rejeitar que a ‘vinda’ de Cristo referenciada em II Tes. 2: 1, seja a “vinda” figurativa em 70 dC, e não Seu segundo advento (deve ser notado, novamente, que a carta foi escrita entre 51-52 dC, catorze anos antes de se iniciar o cerco romano a Jerusalém e dezoito até a invasão, onde ocorreu, segundo os preteristas, a volta do Senhor).
Paulo disse que Jesus não voltaria logo. Se ele tivesse, pelo menos, um pequeníssimo vislumbre de que a volta do Senhor deveria ocorrer muito em breve, em dezoito anos – 70 dC – certamente não passaria essas informações aos tessalonicenses. Leia partes do versículos reunidas em uma só fala:
“Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo … não vos movais facilmente do vosso modo de pensar, nem vos perturbeis … como se o dia do Senhor estivesse já perto… isto não sucederá sem que seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Tess 2:1-3).
Em outras palavras, ele disse que Jesus não viria logo.
4) Em uma hora
A profecia em Apocalipse indica uma queda imediata do poder reinante (Ap 18:10). Se o poder que estava em declínio foi Jerusalém, então a descrição simplesmente não corresponde com a história da queda da cidade. A queda não ocorreu em uma hora, mas as guerras judaicas foram longas, arrastando-se ao longo de anos. O próprio Jesus fala de sinais, ele alerta e profetiza quase uma geração antes. Além disso, a sentença sobre a “vinda” de Cristo em Apocalipse, que é dito ser “como um ladrão” (Apoc 16:15), não pode ser usada como uma analogia com RELAÇÃO à queda de Jerusalém porque a queda de Jerusalém não foi como um ladrão!
Foi cheia de avisos!!!
Vários sinais foram preditos!!!
A “vinda” em juízo, então, não pode ser acerca da queda de Jerusalém. João fala de Roma, que é a única alternativa razoável para se traduzir “em uma hora”, por “pega de surpresa”, “de repente”, deixando subentendido um julgamento inesperado. Basta lembrar o julgamento relâmpago que veio sobre Babilônia no governo de Belsazar.
5) Carta para uma Igreja que não existe!
Quem pensaria escrever uma carta para um marciano? Um louco! Quem se atreveria a escrever uma carta para a mãe que já faleceu? Outro louco! E quem acredita que um apóstolo poderia ter escrito uma carta para uma Igreja que não existia? Os preteristas!
Esmirna aparece em um livro da Bíblia: foi a cidade onde ficava uma das sete Igrejas mencionadas em Apocalipse.
Apocalipse 2:8-10
E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu:
Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.
Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Quem esteve por um tempo como bispo dessa Igreja já antes do fim do primeiro século foi Policarpo, discípulo do Apóstolo João. Isso mesmo, falo do João que escreveu o Apocalipse. Policarpo esclarece que a sua igreja nem sequer existia nos dias do apóstolo Paulo. É interessante notar que Esmirna nunca é mencionada no livro de Atos ou em qualquer outra epístola do Novo Testamento.
Ele escreve aos Filipenses,
“Mas eu nem vi nem ouvi nada semelhante entre vocês, no meio daqueles com quem Paulo trabalhou, e que estão louvados no início de sua epístola. Com efeito, ele se gloria de vocês diante de todas as Igrejas que sozinhas conheciam o Senhor; mas nós [de Esmirna] não o conhecíamos”. (Policarpo – Epístola aos Filipenses, XI)
Isso é muitíssimo comprometedor para o preterismo: “… nós, de Esmirna, não conhecíamos o Apóstolo Paulo”.
Vejam bem o que Policarpo esta afirmando: A Igreja de Esmirna não conheceu Paulo! Agora, o que torna pior a sentença é o que alguns estudiosos das Escrituras afirmam: Que os de Esmirna não conheciam o Senhor ao invés de Paulo. Preste atenção nas palavras de Policarpo outra vez: “…Com efeito, ele [Paulo] se gloria de vocês diante de todas as Igrejas que sozinhas conheciam o Senhor; mas nós [de Esmirna] não o conhecíamos”. Se esse for o caso, então a situação preterista piora de forma assustadora. No entanto, para ser complacente com o Preterismo eu vou trabalhar apenas com a tese de que eles não conheciam Paulo.
“Nós não o conhecíamos” é o que diz Policarpo aos Filipenses sobre a pessoa de Paulo. Parece que ninguém em Esmirna conheceu Paulo. Nem os mais velhos, que supostamente poderiam ser os primeiros membros da Igreja antes de Policarpo se houvesse existido uma. Portanto, dizer “nós não o conhecíamos“, ou mesmo “nós não tivemos oportunidade de conhecer Paulo”, significa dizer: “Nossa Igreja não existia nos tempos de Paulo“.
Somente pelo fato de Policarpo dizer que a Igreja de Esmirna não conheceu o Apóstolo dos gentios, já demonstra que ela – mesmo que existisse antes de Policarpo – não foi instituída no tempo de Paulo.
Observe outro trecho da carta aos Filipenses redigida por Policarpo. Aqui ele faz menção aos de Filipos, àqueles que ainda estavam vivos na época desta epístola,
“Pois nem eu, nem ninguém como eu, pode chegar a sabedoria do abençoado e glorificado Paulo. Ele, estando entre vocês, comunicou com exatidão e força a palavra da verdade na presença daqueles que estão vivos ainda”. Cap III
Percebam que havia pessoas da Igreja dos Filipenses que ainda estavam vivas! Esse pequeno detalhe é por demais precioso, pois revela um tempo relativamente longo – faz referência às pessoas que viviam no momento da carta de Policarpo e que pertenciam ao passado de Paulo. Isso exige um longo período de tempo até Policarpo e um longo tempo de volta: de Policarpo até Paulo. Os crentes de Esmirna não conheceram Paulo – e muito menos Policarpo o conheceu. Ele não podia, pois tinha pouco mais de um ano quando Jerusalém foi destruída – ele nem era nascido quando Paulo foi martirizado. E, considerando que ele foi martirizado em fins de 67 AD, deve significar que não havia ali congregação nenhuma nessa época – se houvesse uma Igreja em Esmirna na década de 60 AD quem deveria ter lhes dirigido uma carta era Paulo e não João, pois Esmirna ficava apenas 30 Milhas de Éfeso, cidade onde Paulo ministrou por quase 3 anos. E há um detalhe por demais curioso quando ele escreve aos efésios:
“PAULO, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus”, Efe 1:1. Por que Paulo não fez menção aos de Esmirna, Igreja que ficava tão perto? Observe que ele cita os Laodicenses quando escreve aos Colossenses: “Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa”, Col 4:15. Veja também o verso 16: “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodicéia lede-a vós também.”
Além de não saudar a Igreja de Esmirna através dos efésios, não lhes escreveu nenhuma carta, nem antes e nem depois de sua prisão em Roma. O que salta diante dos olhos é que a Igreja de Policarpo não existia em 62 dC. Isso pode ser a legítima expressão da verdade amigo leitor. Note que quando o Apóstolo Paulo esteve preso em Roma, ele faz menção – na mesma carta – de algumas Igrejas que foram fundadas na Ásia nos dando inclusive os nomes das cidades próximas a Esmirna: Colossos, Hierapolis e Laodicéia ( Col 4:13). Aqui também não há menção de Esmirna. Veja a passagem:
“Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis”, Col 4:13. A carta é aos Colossenses e cita duas outras cidades próximas de Esmirna, Hierápolis e Laodicéia, sem falar Colossos, mas não cita Esmirna, que ficava apenas trinta milhas de Éfeso.
O que temos aqui é uma fortíssima evidência para nosso argumento, que somada as pistas deixadas por Policarpo podemos concluir com certeza que não havia sequer uma igreja na cidade de Esmirna quando os preteristas garantem que João os escreveu (62-63). Isso deve significar que o Livro de Apocalipse foi escrito depois da destruição de Jerusalém.
6) João em Éfeso, quando?
“De Éfeso para Patmos” é o legado deixado pela tradição sobre o exílio de João. E os preteristas aproveitaram a situação para desenvolver vários argumentos com base nessa pequena afirmação para proteger suas heresias. Porém, vamos ver se há alguma verdade nisso…
O Preterismo garante que João escreveu o Apocalipse de Patmos entre 63 e 65 AD. Se esta data está correta, João deve ter chegado à Ásia, pelo menos entre 60-62, se não antes, e ainda ter tido tempo suficiente para ganhar o respeito dos cristãos nas diferentes Igrejas em toda a província e tornar-se uma força dominante ao ponto de precisar do exílio para acabar com sua influência. Esta reconstrução da cronologia cria alguns obstáculos sérios para a datação preterista do Livro de Apocalipse.
Em primeiro lugar, isso significaria que os ministérios de João e Paulo para as igrejas da Ásia foram sobrepostos. Isso sugere que João e Paulo ministraram juntos em algumas Igrejas da Ásia antes de Paulo ser enviado preso para Roma. O problema é que João ficou escondido nas sombras. Ele ficou tanto nas sombras que nem foi mencionado como companheiro de Paulo e muito menos como ministrante nas Igrejas enquanto Paulo estava em Roma.
Segundo, a cronologia preterista reúne João e Timóteo em Éfeso enquanto Paulo esteve preso em Roma escrevendo uma carta para esta Igreja, que ele ainda ministrava. Ou seja, se João chegou a Éfeso tão cedo quanto AD 60-62 – nos termos da cronologia preterista – ele teria estado lá quando Paulo escreveu Efésios, mas Paulo não faz menção de João nessa epístola também.
Terceiro, segundo os preteristas João precisa estar em Patmos até 63 AD para escrever o Livro de Apocalipse. Isso levanta algumas dificuldades para os intérpretes preteristas. Por que Paulo deixa Timóteo encarregado da Igreja em Éfeso e não fez qualquer referência à presença e expulsão recente – o exílio – de João e sua influência sobre a igreja?
Os problemas não param aqui; temos uma pista interessante que nos leva a questionar a presença de João em Éfeso até 52 dC. Encontramos em Atos um fato curioso ocorrido na cidade com a chegada de Paulo – 18 anos após a visita de João e Pedro em Samaria, ocasião em que o Espírito Santo foi derramado através deles (Atos 8). O registro que envolve Paulo e alguns cristãos de Éfeso está em Atos 19:
“1 E SUCEDEU que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos,
2 Disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.
3 Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João.
4 Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo.
5 E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.
6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.
7 E estes eram, ao todo, uns doze homens.
Doze discípulos apenas foram os que Paulo encontrou em Éfeso em 53 dC, 20 anos após o Pentecostes. Estes, muito provavelmente, foram convertidos pelo ministério de Apolo que conhecia apenas o batismo de João. Veja Atos 18:24,25: “E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de João.”
Porém, o mais interessante são as informações que Lucas nos deixa sobre Paulo e Apolo. Ele faz questão de registrar que “enquanto Apolo estava em Corinto… Paulo chegou a Éfeso”, Atos 19:1. Isso é curioso, e nos faz questionar por que não há informações semelhantes sobre João.
Um motim é iniciado e nós acabamos descobrindo quem são os companheiros de Paulo em Éfeso: Gaio e Aristarco (Atos 19:29), e mais alguns são mencionados nesse episódio, “… dos principais da Ásia, que eram seus amigos, lhe rogaram que não se apresentasse no teatro”(v,31) para não apanhar também. Onde está João?
E mais interessante ainda é que Paulo encontra discípulos em Éfeso que nunca ouviram falar do Espírito Santo! Como pode ser isso possível se João, em Samaria, pelo menos 18 anos antes, impôs as mãos sobre alguns novos convertidos ali e eles foram batizados no Espírito Santo? Como explicar essa discrepância? Alguns crentes em Éfeso nunca ouviram falar no Espírito Santo – não havia conhecimento do Espírito Santo e nem haviam convertidos pelo ministério de João!
Mas não é apenas isso; quando Paulo estava para se despedir da Igreja em Éfeso, ele manda chamar os anciãos para lhes dar uma palavra antes de partir (Atos 20:17-38). Onde estava João que não foi citado no contexto? Outro detalhe na carta aos efésios de Apocalipse é que João fala de falsos apóstolos – quem eram eles se Paulo não os menciona? Por quê? Não seria porque Paulo escreve aos efésios em 62 dC e João quase no fim do primeiro século?
E não adianta dizer, digníssima apologética preterista, que tudo isso são conceitos e opiniões oriundos de lógica humana, não são. São desenhos – é necessário desenhar para que vocês entendam. Além de desenhar tem também que explicar o desenho. E garanto que ainda tem muita coisa para desenhar para essa geração Facebook – uma geração que precisa de alguém para comprar o remédio, precisa de alguém para ler a bula e ainda dar o medicamento na boca.
Parece que João nunca esteve em Éfeso até a visita de Paulo. Ninguém havia pregado ali como Paulo. Um sinal disso foi a reação de Demétrius protestando pelo fato de que a religião dele poderia desaparecer. Paulo ficou dois anos e três meses pregando o evangelho em Éfeso (19:8,10). Aqui está a fonte de ansiedade para Demétrius. Ele vê seus lucros e os de seus colegas rapidamente desaparecendo devido ao sucesso na pregação do evangelho de Paulo. Em pouco tempo ninguém vai querer mais réplicas do glamoroso templo de Artemis. Onde estava João? Quando João pregou ali antes de Paulo se essa idolatria corria solta quando Paulo chegou?
Os Católicos tiveram o mesmo problema com Pedro em Roma: Paulo chega lá em 61 ou 62 dC e descobre que muitos judeus ali nada sabiam acerca “dessa seita”. É verdade, senhores, os judeus ministrados por Pedro (?) em Roma chamaram a Igreja de seita (Atos 28:22).
Roma sem Pedro e Éfeso sem João! Se João foi a Éfeso, isso pode ter ocorrido após a morte de Paulo, nada mais!
Parece que a datação proposta pelos preteristas para o Livro de Apocalipse não dá conta de sua sobreposição necessária entre os ministérios de João e Paulo em Éfeso, mas a data de AD 95 facilmente explica por que Paulo nunca menciona João em Efésios ou em 1 e 2 Timóteo.
“De Éfeso direto para Patmos”, diz a tradição, somente a tradição.
7) A Igreja de Laodicéia
A igreja de Laodicéia é a única das sete igrejas, com a possível exceção de Sardes, que não têm absolutamente nada para elogiar. No entanto, em sua carta aos Colossenses, escrita em AD 62, Paulo indicou que a igreja era um grupo ativo (Col 4,13). Ele mencionou a igreja em Laodicéia três vezes em sua epístola de Colossos (2:2, 4:13,16) e o que fez foi elogiá-los como um grupo de cristãos em comunhão com o Senhor. Se a carta escrita à mesma Igreja por João em Apocalipse pode ser localizada na mesma época (os preteristas afirmam que sim) , então fica impossível conciliar a apostasia descrita ali com a ordem e comunhão registradas por Paulo. A condição da igreja era tão grave que o Senhor ameaçou vomitá-los para fora de sua boca (Ap 3:16).
Mais uma vez, seria necessário um longo período de tempo para que esta condição repugnante pudesse se desenvolver. Tão repugnante que o Senhor chama a Igreja de “miserável, pobre, cego e nú”. A forte repulsa do Senhor, no estado da igreja de Laodicéia, certamente torna-se mais inteligível após um intervalo considerável de tempo para a apostasia.
Laodicéia também é descrita em Apocalipse como florescente economicamente. Jesus cita a igreja dessa forma: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”. No entanto, a cidade sofreu uma devastação catastrófica no terremoto que a sacudiu em 61 AD.
Tácito, o historiador romano, descreve: “No mesmo ano, Laodicéia, uma das famosas cidades asiáticas, foi colocada em ruínas por um terremoto, mas se recuperou com recursos próprios, sem a ajuda de nós mesmos”, Annais (14:27). Quando Apocalipse foi escrito, os esforços de reconstrução em Laodicéia estavam completos, pois a igreja de Laodicéia é descrita como rica e abastada, de nada tendo falta. Essa não pode ser a descrição de uma Igreja que vivia entre ruínas. Isso nos fornece informação para estabeler-mos uma data posterior a 70 dC para a escrita do Apocalipse.
O preterismo alega que as riquezas mencionadas em Apocalipse 3:17 são espirituais, não riquezas materiais. Porém, no seguinte contexto em 3:18, Jesus faz alusão a indústria de Laodicéia que contribuiu para a sua riqueza material: ouro (Laodicéia era um centro bancário), colírio (Laodicéia comercializou e lucrou muito por fabricar uma pomada usada para tratar doenças oftálmicas) e roupa branca (Laodicéia era um centro de produção de vestuário) . Essas alusões locais às fontes de riqueza material em Laodicéia indicam que a referência à riqueza da igreja era principalmente por sua riqueza material, que por sua vez criou um senso de auto-suficiência e complacência espiritual. A afluência material e a atitude autossuficiente correspondente da cultura tinham se infiltrado na igreja.
A evidência arqueológica em Laodicéia aponta para uma reconstrução em quase vinte e cinco anos. A extensão dos danos causados em Laodicéia com o terramoto de AD 61 e o período de tempo que levou para reconstruir a cidade são provas convincentes de que a datação da escrita do Livro de Apocalipse só pode ser estabelecida para depois da destruição de Jerusalém.
A maioria das principais ruínas que sobrevivem hoje em Laodicéia são dos edifícios construídos durante o tempo do terremoto. O grande edifício público destruído no terremoto foi reconstruído em detrimento dos cidadãos e não foi terminado até cerca de 90 AD. A data de conclusão do estádio pode ser precisamente datada para a última parte de 79 dC, e a inscrição em vários outros edifícios são datados do mesmo período. A grande porta tripla (Syrian Gate) e as torres não foram concluídas até 88-90 AD.
Desde que a reconstrução de Laodicéia após o terremoto ocupou pouco mais de duas décadas, é altamente problemático reclamar para Igreja o status de rica, de nada tendo falta dois anos após o terremoto (63-64), como quer o preterismo. Durante esses anos, a cidade estava nas fases iniciais de um programa de reconstrução que iria durar entre 15-25 anos. Se o Apocalipse foi escrito em AD 95 a descrição de Laodicéia em Apocalipse 3: 14-22 caberia muito bem. Por este tempo a cidade foi totalmente reconstruída com recursos próprios, aproveitando a prosperidade e prestígio e aquecendo-se no orgulho das suas grandes realizações – e a Igreja foi junto.
Fonte: The End Times Controversy, 148-49 – Harvest House Publishers, 2003.
8) O Testemunho de Irineu
À medida que as discussões sobre a datação do Livro de Apocalipse vão se avolumando, é muito natural que alguns preciosos argumentos de defesa sejam esquecidos. Argumentos importantes, que são insistentemente considerados refutados pelo preterismo e, muitas vezes, deixados de lado como fracos e obsoletos, ainda podem ser considerados valiosíssimos, pelo fato, dizendo honestamente, de jamais terem sido refutados. Um desses antigos, legítimos e irrefutáveis testemunhos sobre a datação do Livro de Apocalipse, ainda fala bem alto.
O Livro de Apocalipse foi o único Livro do Novo Testamento, datado de forma relativamente precisa por um dos primeiros Pais da Igreja. Irineu de Lugdunun (Lyon), por volta de 180, afirmava que João teria tido suas visões “não muito tempo atrás, mas quase na nossa geração, pelo fim do reinado de Domiciano” (Irineu em Adversus Haereses – 5.30.3). A citação de Irineu nos remete para 95-96 dC.
Não parece haver nenhuma confusão por parte de Irineu. Ele não expressa qualquer dúvida quanto ao tempo da visão apocalíptica, nem quanto ao nome do imperador, especialmente quando percebemos que nenhum pai da Igreja Católica nos tempos antigos questionou tais afirmações por centenas de anos. Além disso, Irineu veio de Esmirna e fez parte do ministério de Policarpo, que, por sua vez, foi ensinado pelo apóstolo João. Isso não é pouca coisa: Irineu foi discípulo de alguém que foi discípulo do autor de Apocalipse!
A afirmação de Irineu sobre o tempo da escrita do Apocalipse é por demais legítima. Irineu é uma testemunha valiosa, ele sabia o que ele estava falando. O evento que ele fez referência havia ocorrido apenas cerca de 80 anos antes. Isso deve significar que ele escreveu numa época em que algumas pessoas dos tempos de João possivelmente ainda podiam estar vivas. Irineu não cometeu nenhum engano quando localizou o tempo das visões de João.
Uma série de escritores católicos antigos também confirmam a data posterior (96 AD) para o livro de Apocalipse. Nem todos eles lançaram mão apenas de Irineu, uma vez que havia, obviamente, outras fontes antigas. Houve Hipólito de Roma (170-235 AD), Jeronimo (340-420 AD), seu amigo Orosius, e Eusébio (260-340 dC), que teve inúmeras histórias e fontes à sua disposição, incluindo os escritos do antigo historiador da igreja Hegesippus (120-185 AD), Vitorino (d. 303 dC), e Sulpício Severo, sem mencionar muitos outros.
Todos eles atestaram a data posterior. Nós não temos nenhuma razão para acreditar que esses escritores antigos propositadamente nos deram uma data incorreta; eles apenas documentavam a história e, obviamente não tentavam refutar nada e nem ninguém. Só tiveram seus escritos postos em dúvida 1600 anos após, quando veio a existir o Preterismo.
9) Reis de Roma
O Livro de Apocalipse fala da Grande Cidade que dominava sobre os reis da terra nos tempos da Igreja Primitiva. Segundo a escola preterista essa cidade era nada mais nada menos que Jerusalém, que eles denominam de Grande Babilônia, julgada e destruída por Deus em 70 dC, o que eles entendem que está registrado em Apocalipse 18. Porém, como poderíamos associar Jerusalém a Babilônia? Qual seria a Grande Babilônia na época de Ninrode? Com certeza não era Jerusalém. E nos tempos de Nabucodonosor? Só podia mesmo ser Babilônia, evidente, e não Jerusalém, Nínive, Tiro ou qualquer outra cidade.
O rei Nabucodonosor responde e diz que era a própria Babilônia:
“Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?” (Daniel 4:30)
Então, qual seria a Grande Babilônia nos tempos de Roma? Nos tempos de Roma só podia ter sido Roma e não Jerusalém. Roma foi denominada de Babilônia por causa de sua perseguição aos cristãos, sua pecaminosidade perversa e sua idolatria. Além disso, somente uma cidade nos tempos de João era conhecida como a “cidade das sete colinas”.
Veja a semelhança neste contexto de Apocalipse, que esclarece que a Grande Cidade ficava sobre sete montes, que são também sete reis:
“Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher [A Grande Cidade] está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo”, Apoc 17:9,10.
Observem agora a contradição extraordinária envolvendo os preteritsas, que insistem na tese de que a cidade é Jerusalém: A lista dos reis apresentados pela teologia preterista mostra reis romanos – A Grande Cidade está assentada sobre esses sete reis – seu poder vem deles. Não pode ser Jerusalém – OS REIS SÃO DE ROMA! Esses imperadores reinaram antes da escrita do Apocalipse até um tempo posterior ao Livro.
Eis a lista apresentada pelos próprios preteristas:
- Otávio Augusto
- Tibério
- Calígula
- Cláudio
- Nero
- Galba
- Otão
- Vitélio
- Vespasiano
- Tito
- Domiciano
Para que o argumento preterista pudesse ser ajustado ao Apocalipse três reis precisaram ser eliminados, pois a profecia central do texto fala em sete reis, apesar de ter um oitavo em outro contexto, mas que mesmo assim é dos sete. A cronologia desses reis não importa nesse momento, pois o que está sendo apresentado aqui é o argumento de defesa preterista que se protege atrás de reis romanos, mas ao mesmo tempo diz que a [mulher] cidade é Jerusalém.
Leia os versículos novamente, mas agora unidos em um só: “Aqui está a mente que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo… A mulher que viste é a Grande Cidade que reina sobre os reis da terra”, Apoc 17:9,10-17.
Atente para os detalhes: “…As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis… A mulher que viste é a Grande Cidade que reina sobre os reis da terra”.
Agora observe como fica a posição do verso acima na interpretação preterista: “…As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher (Jerusalém) está assentada. E são também sete reis (Romanos) … A mulher que viste é a Grande Cidade (de Jerusalém) que reina sobre os reis da terra”.
Segundo os preteristas os reis são romanos, mas a mulher é Jerusalém. Ou seja, sai Roma, o império reinante por excelência, e entra Jerusalém como a Grande Cidade que REINAVA sobre os reis da terra quando Apocalipse foi escrito. Os preteristas precisam de muita inteligência e torcer demasiadamente pela insanidade dos leitores.
Observem o início do versículo nove: “Aqui está a mente que tem sabedoria”. João “nos dá agora o «sentido espiritual», em símbolos enigmáticos. Preferiu não dizer abertamente: «Essa é Roma». Não queria ofender as autoridades romanas, que poderiam intensificar a perseguição; e, por essa razão, falou em código. João explica claramente qual o meio ambiente geográfico de Roma, a «cidade das sete colinas». Isso, naturalmente, é prova absoluta, se precisássemos de qualquer prova, de que a «Babilônia» do quinto versículo é, na realidade, um nome em código para «Roma». Neste capítulo, a «mulher» é identificada com Roma, e, portanto, é uma cidade. Mas logo em seguida isso se amplia para abarcar os «sete reis» ou imperadores romanos; pelo que, indiretamente, está em foco o império romano inteiro. A natureza do simbolismo agora permite que João identifique as cabeças da besta com a capital do império.
Os intérpretes que negam a identificação com «Roma», neste ponto, supõem que não há qualquer alusão «local», e que estão em foco, simbolicamente, os princípios de grandiosidade e de ambição mundanas. Esses intérpretes salientam que outras cidades existem edificadas sobre sete colinas, como Constantinopla, Bruxelas e Jerusalém. Mas tudo isso deve ser rejeitado por qualquer estudioso sério, não merecendo nossa atenção. O Apocalipse foi escrito a fim de consolar e fortalecer aos mártires em potencial, que até mesmo então sofriam sob o império romano em particular, por causa do imperador romano, Domiciano. Portanto, somente Roma pode estar em foco. Temos aqui uma alusão geográfica literal. Portanto, não há aqui referência às «ordens políticas do mundo», como se seu assentar-se sobre «sete montes» indicasse apenas um domínio «total». Nada tão nebuloso poderia estar em foco, em um livro que atacava, especificamente, a cidade e o império de Roma”. Russel Normam Champlim, Comentário de Apocalipse, página 600.
A alusão aqui na escrita é a Roma, tão somente Roma. Não estou avançando para o tempo do fim, mas dando atenção ao momento registrado por João. Os Apologistas Católicos preteristas e afiliados parecem não ter percebido que estão apresentando os reis da Grande Cidade.
Outra vez: se a escola preterista deseja interpretar esse reis de Apocalipse como sendo reis romanos, então devem arcar com as consequências, pois eles são reis que comandam a Grande Cidade: SÃO REIS DE ROMA, a cidade que reinava sobre os reis de toda a terra quando João escreveu o Livro de Apocalipse. Roma, a cidade das sete colinas. As moedas dos tempos de Vespasiano pintavam Roma como uma mulher assentada sobre sete colinas.
Esta moeda faz parte da coleção do museu britânico, cunhada em 71 A.D. durante o reinado de Vespasiano ( 69-79A.D.) que declarava-se como pontífice máximo ( titulo que depois foi adotado pelo Papa). Ela descreve a cidade de Roma como uma deusa sentada em sete montes.
10) A Cidade REINA
“A cidade REINA sobre os reis da terra na ocasião da escrita do apocalipse”. Não sei como os preteristas poderiam sair ilesos diante de Apocalipse 17:18. O anjo diz a João , “E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra”.
Jerusalém não foi por qualquer meio um poder reinante na ocasião em que foi escrito o livro de Apocalipse. Jerusalém era uma subsidiária de Roma, e Roma a controlava. Foi pela graça do estado romano que Jerusalém ainda durou tanto tempo, permitindo que os Herodes funcionassem como reis sobre a terra dos judeus. Roma foi a cidade reinante, basta ver a extensão do poder romano dentro da Judéia lendo Lucas 2:1, que diz: “E ACONTECEU naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse”.
Observe algumas outras traduções e veja como o problema preterista torna-se extremamente delicado:
João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada
“Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se”.
Nova Tradução na Linguagem de Hoje
“Naquele tempo o imperador Augusto mandou uma ordem para todos os povos do Império. Todas as pessoas deviam se registrar a fim de ser feita uma contagem da população”.
João Ferreira de Almeida Atualizada
“Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado”
Nova Versão Internacional
“Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano”.
O Censo foi feito em terra judaicas, mas que era território romano. A NVI deixa claro o sentido real da situação: Roma reinava e não Jerusalém. Deveria bastar para os preteristas a declaração dos líderes da nação judaica na ocasião do julgamento de Jesus quando Ele estava em pé diante deles sob custódia de Pilatos – Jerusalém gritou: “Não temos outro rei senão César!” Se o rei é César a cidade que reina tem que ser Roma.
Não há como escapar: Se o livro foi escrito imediatamente antes da destruição de Jerusalém, evidente que a cidade não reinava sobre os reis da terra, pois como vimos, ela estava subjugada e aprisionada por Roma. E se o Livro foi escrito depois da destruição de Jerusalém, então a situação piora bastante, pois não tinha jeito dela reinar sobre os reis da terra de forma alguma.
Repetindo para não deixar dúvidas: Não faz sentido dizer que Jerusalém tinha “domínio sobre os reis da terra”, quando a cidade estava sob ocupação romana durante os últimos cem anos e estava prestes a ser destruída por Roma.
João, por algum motivo, não identificou abertamente Roma porque isso teria convidado mais perseguições dos romanos. Ele codificou a cidade com a palavra Babilônia, que a Igreja Primitiva compreendeu ser Roma, a grande cidade do seu tempo. Assim, toda vez que o nome Babilônia é mencionada no Apocalipse, é seguido por ‘a grande’. Veja outra vez onde João identificou a ‘grande cidade’ – que nos seus dias era Roma:
E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra. Apocalipse 17:18
De acordo com Apocalipse 17, a grande Babilônia é vista reinando sobre reis e assentada sobre muitas águas, que significa povos, línguas e nações, deixando explícito que seu governo era sobre o mundo quase todo. Todos estes argumentos representam boas razões para concluir que João fez referência a Roma, pois não sabemos de nenhuma outra cidade que exerceu tanto poder sobre os povos antes de Cristo, na época de Cristo, e por volta do primeiro século até sua queda séculos depois. Não se espera que Jerusalém, que foi destruída pelos romanos em 70 dC, poderia ser a mesma metrópole vista em Apocalipse, pois o texto diz que a mulher, a grande cidade, reina (está reinando) sobre os reis da terra. Os judeus e Israel certamente não reinavam sobre os reis da terra nesse tempo. Roma e os reis da terra não estavam sujeitos aos judeus e a cidade santa. Muito pelo contrário, os judeus e sua cidade foram alvos de Roma e seu Imperador, o rei da terra habitada.
Portanto, a cidade que reinava sobre os reis da terra, chamada de Sodoma e Egito, não tipifica Jerusalém, mas sim Roma. Jerusalém tornou-se território Romano – as mais altas autoridades religiosas de Jerusalém, e todos os judeus em Jerusalém, como citei anteriormente, chegaram a admitir que César fosse o seu rei (João 19:15). Roma governava com mão de ferro sobre os judeus, por isso Jerusalém desaparece da profecia, dando lugar a Roma que fez da cidade santa uma de suas províncias:
“Judeia (Iudaea) foi o nome dado à província do Império Romano, que se estabeleceu no território do Oriente Médio habitado e governado anteriormente pelos judeus… Em 63 a.C., o general Pompeu conquista a Judeia e anexa o território ao domínio romano… A administração do território é entregue a governadores romanos da ordem equestre, chamados de prefeitos. Mais tarde, serão também chamados de procuradores… Após a grande revolta de 68-70, desapareceu qualquer resquício de autonomia, passando todos esses territórios a constituírem a província romana da Judeia, desvinculada da província da Síria, e administrada por procuradores imperiais” Citado na Wikipédia com o título, “Judeia, província romana.”
11) A Geração da Vinda de Jesus
“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam” (Mateus 24:34).
Qualquer interpretação de que “esta geração” é a geração dos discípulos implica dizer que os próprios discípulos poderiam prever o tempo para qualquer momento num futuro próximo, podendo usar os eventos de Mateus 24: 4-28 para calcular e esperar o retorno de Jesus dentro de uma geração – quarenta anos – que permitiria um período para se preparar o que parece ser contrário a todo o propósito e ênfase do discurso do Senhor.
Em outras palavras, os discípulos são informados de que os desastres e perseguições de 24: 4-14 não são sinais do fim (24: 6). Além disso, como poderia o preterista explicar a contradição embutida nesse contexto se a grande tribulação é seguida imediatamente pela Vinda de Jesus (24:29)?
Como poderia o Senhor, por um lado afirmar que sua própria geração contemporânea veria o cumprimento de toda a sua profecia e, por outro lado, apenas dois versos depois afirmar que nenhum homem, nem ele mesmo, poderiam saber o tempo de Sua vinda que deveria ocorrer imediatamente LOGO APÓS as tribulações citadas em todo o contexto, desde o verso quatro, que para o preterista aconteceu no ano 70 d.C? Ou seja: Por quê ele não disse que sua vinda ocorreria em 40 anos? Preteristas, por gentileza, vejam o que realmente está acontecendo aqui: Se o Senhor disse sobre a vinda dele que “do dia e hora ninguém sabe” como poderiam vocês afirmarem que essa vinda predita foi a vinda do Senhor em julgamento sobre a Jerusalém de 70 dC?
Vejam novamente o que Jesus diz: “Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.”
Portanto, se Jesus dissesse que sua vinda se daria imediatamente após a derrubada de Jerusalém, estaria afirmando com isto que tal evento também ocorreria naquela geração, contradizendo o que ele próprio disse sobre não saber o dia nem a hora em que se daria o dia de Sua volta.
O Senhor Jesus não cometeu erro algum no seu discurso; o erro está no Preterismo.
12) Jesus veio e João ficou?
O Preterista interpreta Mateus 24:30 dessa maneira: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra [ de Jerusalém ] se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.”
O verso seguinte diz:
“E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.”
João foi inegavelmente o último apóstolo a morrer, mas ele, acompanhado de muitas outras pessoas deveria ter sido “arrebatado juntamente com eles nas nuvens para encontrar o Senhor nos ares” (1 Tessalonicenses 4:17). Porém, se todas essas coisas tiveram cumprimento em 70 dC, significa que Jesus veio e João ficou.
13) Nero, o Anticristo dos Preteristas
Segundo a teologia preterista a grande tribulação já ocorreu em 70 dC. Se assim foi, então a Besta, que é o Anticristo, e o falso profeta, passaram por este mundo e já foram lançados no lago de fogo e enxofre. Isso mesmo, e não estou brincando não, está escrito bem aqui:
Apoc 19:20 – E a besta foi presa, e com ela o falso profeta… Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. Os dois foram lançados vivos no lago de fogo logo após a queda de Jerusalém, que segundo os preteristas ocorreu um capítulo antes.
Os preteristas acreditam que o Livro do Apocalipse é um relato profético sobre as coisas que já foram cumpridos, e buscam por toda parte, em registros históricos do primeiro século [principalmente em Josefo], e em tudo que podem na tentativa de encontrar detalhes que possam provar o cumprimento das profecias contidas neste Livro.
Já disseram por aí que o Anticristo, também conhecido como “a besta”, era na verdade o imperador romano Nero. No entanto, o imperador romano Nero não foi o Anticristo como muitos preteristas alegam. Não vou expor as fontes por falta de tempo e espaço, mas se alguém quiser mesmo comprovar não será difícil reunir aqui uma centena delas.
Vamos ver se o Anticristo foi mesmo o imperador Nero; poderiam estas passagens sobre o Anticristo, a besta, o iníquo, (2 Tess. 2:9) ser uma referência, não para um governante dos últimos dias proféticos, mas uma referência ao imperador romano Nero?
2 Tessalonicenses 2:8, diz
“E então o iníquo [que é um dos títulos atribuídos ao Anticristo] será revelado, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca e o destruirá com o resplendor da Sua vinda.” NVI
Jesus vai matar Nero na sua vinda! Jesus já veio? Como a Bíblia diz, o iníquo, o anticristo, será destruído por Cristo. Quando isso vai acontecer? Observe o versículo novamente.
“E então o iníquo será revelado, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca e o destruirá com o resplendor da Sua vinda.”
A Bíblia ensina que esse iníquo, o anticristo, será levado a termo pelo próprio Senhor em sua “vinda”. Bem, este versículo apresenta alguns problemas sérios para os preteristas.
Isso não ocorreu com Nero!
Para quem está familiarizado com a história do primeiro século, sabe que Nero se suicidou aos 31 anos de idade, cortando sua própria garganta. [Fonte: “uma adaga em sua garganta“, Suetônio – c.69 – c.140, A Vida dos Doze Césares].
Longe de ser consumido pelo sopro de Cristo na sua vinda, Nero tirou a própria vida.
Isso não é tudo…
Nero cometeu suicídio dois anos antes da destruição de Jerusalém!
Os preteristas (os parciais incluídos) acreditam que a profecia de Jesus sobre sua vinda em Mateus 24 foi cumprida em 70 dC, espiritualmente. Mas Nero comete suicídio em junho de 68 dC, dois anos antes do ano 70 dC, ano em que Jesus veio (?). A verdade é que o suicídio de Nero, dois anos antes da destruição de Jerusalém, está longe de ser um cumprimento do que 2 Tessalonicenses 2:8 diz que vai acontecer com o Anticristo.
Existem alguns outros problemas insuperáveis quando se trata do ensino aberrante de que Nero era o anticristo.
Daniel 9:27 diz que o príncipe que há de vir, uma referência do Antigo Testamento para o futuro líder mundial, faria um pacto de sete anos relativos a Israel. Nero nunca fez nenhuma aliança desse tipo; segundo muitos interpretes das Escrituras, II Tessalonicenses 2:4 diz que esse futuro líder mundial vai ter “seu assento no templo de Deus, apresentando-se como sendo Deus.” Isso nunca aconteceu. Nero jamais esteve em Jerusalém!
2 Tessalonicenses 2:3-4
“Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim [a Vinda de Jesus] sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”.
Paulo está afirmando aqui que esse homem do pecado tem que se levantar antes da Vinda do Senhor, o que fica impossível concluir como sendo um personagem que viveu vinte séculos atrás e que não foi destruído pelo próprio Cristo, pois a profecia diz que esse indivíduo será “destruído com o resplendor da Sua vinda”, 2 Tess 2:8. Ainda não ocorreu – Jesus não veio!
14) “Bendito o que vem em nome do Senhor“
“Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor”, Mateus 23:39.
Se os preteristas concordam que essa vinda de Jesus ocorreu na destruição de Jerusalém, então se preparem para provar com evidências concretas a profecia citada acima. Que revirem a história, a Bíblia, documentos extra bíblicos; que busquem onde achar melhor. Certamente os judeus não clamaram dessa forma enquanto Tito e seu exército estavam destruindo seu templo e a cidade, e levando suas mulheres e filhos para a escravidão!
Como Jesus, o apóstolo Paulo também previu um dia em que toda a nação de Israel se arrependerá:
Romanos 11:26, “E assim será salvo todo o Israel, como está escrito: De Sião, o Libertador virá, e desviará de Israel a impiedade“.
Assim fez o profeta Zacarias:
Zc 12:10 “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito”.
Jesus, Paulo e Zacarias, portanto, não devem ter tido 70 AD em mente, mas sim um dia em que Jesus será finalmente reconhecido como o Messias pelos judeus. E esse dia será o dia da sua vinda: “Bendito aquele que VEM em nome do Senhor”, o que ainda não ocorreu.
15) “Sereis odiados de todas as nações”
O Preterista declara: “há uma indicação no contexto do discurso do Monte das Oliveiras demonstrando claramente que Jesus estava se referindo à geração dos Apóstolos quando declarou: “Em verdade vos digo que essa geração não passará sem que todas essas coisas aconteçam”, Mateus 24:34
O Preterista também considera que em Marcos 13:13, nas palavras, “E sereis odiados de todos os homens por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo” há uma referência aos Apóstolos. Ou seja, esta geração, portanto, deve incluir os Apóstolos e os contemporâneos dos Apóstolos, mais ninguém.
Porém, não devemos também esquecer que o discurso de Mateus 24 foi provavelmente falado em particular para apenas quatro discípulos. Veja Marcos 13:3, “E, estando ele assentado sobre o monte das Oliveiras, diante do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular…”. Para quem foi o discurso, apenas para eles? Observe o que Jesus falou para os quatro: “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome”, Mateus 24: 9”.
Se o Preterista estiver certo, esses quatro homens suportariam o grande infortúnio de serem odiados por todas as nações!
Mesmo se Jesus respondeu a esta pergunta privada para que todos os doze de seus discípulos pudessem ouvi-la, a idéia ainda é extremamente difícil de imaginar. Em 70 dC, o evangelho ainda não havia se espalhado por todas as nações, incluindo as nações Indianas das Américas e as nações orientais; como então todas as nações poderiam ter odiado os discípulos? Esta conclusão dificilmente crível, que decorre da afirmação do preterista, deixa claro que pela palavra “vos” Jesus tinha todos os Seus seguidores ao longo da história em mente, não apenas os doze discípulos ou a geração do seu tempo.
16) Roma ou Jerusalém?
O Preterismo acusa Jerusalém de ser a Grande Meretriz que aparece em Apocalipse 17. Consequentemente Jerusalém passa a ser o alvo do julgamento de Deus. Porém, será mesmo isso verdade? Faça sua própria análise caro leitor…
Característica | Roma | Jerusalém |
Sentada sobre muitas águas (17:1) | Seu poder vinha dos povos dominados | Não tinha poder e nem estava assentada |
Com quem se prostituíram os reis da terra (17:2) | Dominava os reis de muitos países; Descrição da Babilônia antiga (Jeremias 51:7) | Relativamente insignificante; Alguma vez foi descrita como a fonte do pecado das nações? |
Vinho de sua devassidão (17:2) | Conhecida por sua imoralidade e excessos | Cidade rebelde, mas não conhecida por impureza exagerada (1 Pedro 4:3-4 – Referência aos gentios) |
Montada na besta do poder romano (17:3; cf. 13:1-8) | Roma e sua economia dependiam do poder romano | Foi dominada pelos romanos |
Vestida de púrpura, escarlate, ouro, pedras preciosas, etc. (17:4; 18:16) | Luxo, nobreza, sedução; os soldados da Babilônia antiga se vestiam de escarlata (Naum 2:3) | Jerusalém antiga foi descrita assim (Jeremias 4:30) |
Cálice de abominações e imundices (17:5) | A Babilônia foi o cálice que causou as nações enlouquecerem (Jeremias 51:7) | Jerusalém não é Babilônia. A acusação original foi feita apontando para Babilônia |
Embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas (17:6; 18:20,24) | Perseguia os cristãos, especialmente nos reinados de Nero, Domiciano, etc. | Perseguia os santos e profetas (Lucas 11:48-51) |
Sete montes (17:9) | Cidade de sete montes | Cidade de 9 ou 11 montes? |
Sete reis – 5 -1 – 1 – 1
8º é a besta (17:9-11) |
Se começar com Augusto, aplica-se a Domiciano e se começar com Júlio, aplica-se a Tito | ????????????????????????????????????????????? |
A mulher é a grande cidade que domina sobre os reis da terra (17:18) | Roma dominava os reis da terra na época de João | Jerusalém dominava quem? |
Destruição interna (17:16-17) | História do declínio de Roma (cf. Daniel 2:42-43) | Destruída pelos romanos |
17) “Admira-me que tão depressa…”
Um recurso preterista para tentar explicar uma rápida apostasia para CINCO daquelas Igrejas descritas em Apocalipse é usar Gálatas 1:6, que diz: ““Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho.”
A deficiência da Igreja na Galácia não pode ser comparada à apostasia apresentada pelas igrejas de Apocalipse. Os Gálatas estavam voltando aos rudimentos da lei (Gal 4:6).
A linguagem de Paulo aos Gálatas é bem mais branda e familiar; ele lembra Abraão e sua fé, fala de Sara, faz menção da Jerusalém celestial como mãe, passa por Jesus atestando que ele foi “ nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gal 4:4); diz aos Gálatas que “… Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (v:5) lembrando-lhes que eles “eram filhos e herdeiros de Deus por Cristo” (v:7). Ele diz ainda que eles conheciam a Deus (v.8), e chama a deficiência da Igreja de rudimentos fracos e pobres – Eles “guardavam dias, e meses, e tempos, e anos” (v:10). O tom de Paulo é completamente diferente do tom de Jesus através da pena de João. Por outro lado, Paulo esta perplexo com a “queda” deles, que aconteceu num tempo muito curto: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho”, Gal 1:6. Atente para a expressão ME ADMIRA que tão depressa – isso indica uma anormalidade.
Uma Igreja apenas se desvia para outro evangelho e o Apóstolo está admirado com a rapidez dessa “apostasia”. E cinco Igrejas? Todas as sete igrejas, exceto Esmirna e Filadélfia haviam se degenerado consideravelmente e isso não ocorreu “tão depressa”. A natureza cumulativa do erro aponta fortemente na direção de um intervalo de tempo consideravelmente longo. Essa é mais uma evidência de que o Livro de Apocalipse foi escrito depois da destruição de Jerusalém!
18) A Igreja de Tiatira
É importante lembrar do contato de Paulo com pessoas dessa cidade anunciando-lhes o evangelho e batizando toda família, como vemos em Atos 16:14, 15. Isso ocorreu perto do ano 58 – estava se formando ali uma Igreja, provavelmente um pequeno grupo que reunia-se numa casa de família. No entanto, se atentamos para a cronologia preterista, devemos acreditar que alguns poucos anos depois (62-63) João escreve uma carta para essa Igreja que, inexplicavelmente, já mostrava sinais de corrupção,
“… tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria. E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras”, Apo 2:20-23.
Jezabel não havia apenas subido a um lugar de influência em Tiatira, mas também já havia sido dado a ela tempo de se arrepender. Ou seja, Jezabel entrou na Igreja, foi aceita, enganou muitos, foi descoberta, lhe deram tempo para que se arrependesse, mas ela não se arrependeu. Temos que pegar tudo isso e encolher colocando dentro de, no máximo, quatro anos. Não seria possível um desvio dessa magnitude numa Igreja recém fundada.
Como foi visto em outro tópico, entendemos que, se seguimos a datação preterista para o aprisionamento do Apóstolo João devemos concluir que as cartas redigidas por ele às sete Igrejas foram escritas entre 62 e 64, o que deixa um espaço curtíssimo demais para a sequência negativa que encaixa a condição de uma Igreja que foi fundada quase no ano 60 de nossa era. Em outras palavras, temos apenas pouquíssimos anos de vida da Igreja para que nela se manifestassem pontos negativos pervertidos ao extremo.
A profetiza falsa Jezabel conseguiu infiltrar-se na congregação, ser aceita, tolerada e levar todos ao engano,
“… tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria…”
Obviamente isso não aconteceu da noite para o dia. Se a Igreja foi fundada perto de 60 dC, e João escreveu-lhes e enviou esta pequena carta até 63 dC, devemos concluir que Jezabel trabalhou rapidíssimo. Mas isso não é tudo, pois dentro desse tempo estreito ao extremo, devemos também encaixar o tempo que foi dado a ela para que se arrependesse,
“… E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição…”
Mais impossível seria explicar que dentro desse curto espaço ainda ocorreu o tempo de espera para que ela respondesse a advertência, o que fez de forma negativa, não se arrependendo,
“… e não se arrependeu…”
Isso nos leva a concluir que toda essa ação maléfica dentro da Igreja levou um tempo consideravelmente longo para ocorrer, do seu início até o alerta que o Senhor Jesus envia através da carta de João. Portanto, temos aqui mais uma referência nas cartas as sete Igrejas como prova contra a tese de que Apocalipse tenha sido escrito antes de 70 dC. Se Apocalipse não foi escrito antes da destruição de Jerusalém todo o argumento católico preterista vira farelo.
19) Os que vieram da Grande Tribulação
Se for reunir aqui as afirmações dos preteristas sobre quando ocorreu a Grande Tribulação, eu poderia me ocupar durante horas. Eles simplesmente ensinam que a Grande Tribulação teve lugar na destruição de Jerusalém em 70 dC. Veja o que afirma um destes apologistas:
Há mártires em Apocalipse 7:14. Se Apocalipse é um Livro que trata da guerra entre judeus e romanos, como afirma o preterismo, então esses mártires foram assassinados pelo exército romano na invasão da cidade. Mas não podemos parar aqui, pois mais cristãos são vistos sendo perseguidos em Apocalipse 12-17 e 13-7, os quais “o dragão e a besta fazem guerra” (12-17), que são “aqueles que guardam os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus Cristo” os quais – os preteristas são obrigados a admitir – são vitimas do exército romano em 70 dC.
Ao lermos o contexto imediato de Apocalipse 7.13,14, vemos que os tais santos são os “mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” (6.9-11). E com um detalhe assombroso. Veja de onde muitos deles vem: “… Estes são os que vieram da grande tribulação”, Apoc 7:14. Eles não podem ser vitimas do exército romano, pois a história registra que os cristãos fugiram de Jerusalém muitos anos antes de sua destruição, e que o castigo impetrado foi contra os judeus rebeldes. A Igreja primitiva de Jerusalém fez seu êxodo para a cidade de Pella como registrado por Eusébio em sua História Eclesiástica 3.5.3:
“E não apenas eles. Também o povo da igreja de Jerusalém, por seguir um oráculo enviado por revelação aos notáveis do lugar, receberam a ordem de mudar de cidade antes da guerra e habitar certa cidade da Peréia chamada Pella. Tendo os que creram em Cristo emigraram até lá desde Jerusalém, a partir deste momento, como se todos os homens santos tivessem abandonado por completo a própria metrópole real dos judeus e toda a região da Judéia, a justiça divina alcançou os judeus pelas iniqüidades que cometeram contra Cristo e seus apóstolos, e apagou dentre os homens toda aquela geração de ímpios“.
Não podemos ignorar também que a Bíblia registra um êxodo anterior – parcial – para fora de Jerusalém pela Igreja por causa da perseguição impetrada contra os cristãos: “E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos”, Atos 8:1.
Logo, estes mártires descritos como vindos da Grande Tribulação não podem ser oriundos da Igreja Primitiva. A Grande Tribulação não diz respeito a destruição de Jerusalém.
20) O Grande dia da ira do Cordeiro
Falo sério, não pense que estou blefando: os preteristas garantem que o grande dia da ira do cordeiro já ocorreu na Grande Tribulação que se abateu sobre Jerusalém em 70 dC. Por esse motivo eu gostaria de terminar essa seção com algo que já foi apresentado em “Contradições do Preterismo” Parte 1. É de muita relevância, pois demonstra como o Preterismo é extremamente contraditório. Falo de Apocalipse 6:15-17. E, para ser honesto contigo amigo leitor, nem posso imaginar como os preteristas interpretam a passagem aplicando-a em qualquer evento que tenha ocorrido antes da destruição de Jerusalém. Observe que o contexto necessita ter uma interpretação literal:
“E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir”.
Onde, no primeiro século durante o cerco de Jerusalém se vê “reis da terra”, “grandes homens, homens ricos, chefes militares e todo escravo e todo livre”, se escondendo nas cavernas e nas rochas das montanhas, gritando: “esconde-nos da ira do Cordeiro” (Ap 6,16)?
A ira do exército romano não é a ira do Cordeiro, nem foi visto em uma escala descrita nas profecias do tempo do fim. O “dia do Senhor” é inaugurado com sinais catastróficos em todo o mundo. Isso não aconteceu no primeiro século.
As Contradições do Preterismo ainda não terminaram. Elas são muitas…
Top
Obrigado pela visita. Volte sempre
Muito bom esse site eu tenho uma página e um grupo contra o preterismo e elaboro muitos estudos com ajuda dessa página.
Parabéns pelo Trabalho
Isso mesmo Roger. Continue nas refutações ao Preterismo.
Obrigado pela visita