Chegamos à Igreja de Tiatíra. É importante lembrar do contato de Paulo com pessoas dessa cidade anunciando-lhes o evangelho e batizando toda família, como vemos em Atos 16:14, 15. Isso ocorreu perto do ano 58. Portanto, se atentamos para a cronologia preterista, devemos acreditar que alguns poucos anos depois João escreve uma carta para essa Igreja que, inexplicavelmente, já mostrava sinais de corrupção:
“… tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria. E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras”, Apo 2:20-23.
Jezabel não havia apenas subido a um lugar de influência em Tiatira, mas também já havia sido dado a ela tempo de se arrepender. Ou seja, Jezabel entrou na Igreja, foi aceita, enganou muitos, foi descoberta, lhe deram tempo para que se arrependesse, mas ela não se arrependeu. Temos que pegar tudo isso e encolher colocando dentro de, no máximo, quatro anos. Não seria possível um desvio dessa magnitude numa Igreja recém fundada.
Como foi visto em outro tópico, entendemos que, se seguimos a datação preterista para o aprisionamento do Apóstolo João, devemos concluir que as cartas redigidas por ele às sete Igrejas foram escritas entre 62 e 64, o que deixa um espaço curtíssimo demais para a sequência negativa que encaixa a condição de uma Igreja que foi fundada quase no ano 60 de nossa era. Em outras palavras, temos apenas pouquíssimos anos de vida da Igreja para que nela se manifestassem pontos negativos pervertidos ao extremo.
A profetiza falsa Jezabel conseguiu infiltrar-se na congregação, ser aceita, tolerada e levar todos ao engano,
“… tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria…”
Obviamente isso não aconteceu da noite para o dia. Se a Igreja foi fundada perto de 60 dC, e João escreveu-lhes e enviou esta pequena carta até 63 dC, devemos concluir que Jezabel trabalhou rapidíssimo. Mas isso não é tudo, pois dentro desse tempo estreito ao extremo, devemos também encaixar o tempo que foi dado a ela para que se arrependesse,
“… E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição…”
Mais impossível seria explicar que dentro desse curto espaço ainda ocorreu o tempo de espera para que ela respondesse a advertência, o que fez de forma negativa, não se arrependendo,
“… e não se arrependeu…”
Isso nos leva a concluir que toda essa ação maléfica dentro da Igreja levou um tempo consideravelmente longo para ocorrer, do seu início até o alerta que o Senhor Jesus envia através da carta de João. Portanto, temos aqui mais uma referência nas cartas as sete Igrejas como prova contra a tese de que Apocalipse tenha sido escrito antes de 70 dC. Se Apocalipse não foi escrito antes da destruição de Jerusalém todo o argumento católico preterista vira farelo.